O Brasil ainda está entre os dez países com a maior desigualdade de renda do mundo. Isso mesmo. A situação obviamente não melhorou no ano passado, como mostram os dados da pesquisa anual do IBGE sobre distribuição de renda.
Até 2014, mais ou menos, a desigualdade da renda do trabalho até diminuiu. Mas, se considerados outros rendimentos, a desigualdade quase não mudou, como mostram estudos mais recentes.
Vamos dar um exemplo do que significa essa desigualdade. Se a gente somar a renda de todas as pessoas que fazem parte do 1% mais rico da população, eles ficam com mais de 43% dos rendimentos total do país. Somada a renda dos 50% mais pobres, dá 15%. Para reforçar: o 1% mais rico fica com 43%. Os 50% mais pobres levam 15%.
Isso pelas pesquisas do IBGE, que perguntam às pessoas sobre sua renda. Essas pesquisas são boas, mas não captam todo o rendimento das pessoas, como aqueles que vem de aplicações financeiras, por exemplo. Outras pesquisas, que usam dados do Imposto de Renda, o 1% mais rico fica com fatia ainda maior, de 55%.
Onde é maior a desigualdade? No Nordeste. Que também é mais pobre, em parte porque há menos emprego por lá. No Sudeste, mais de 45% das pessoas têm rendimento de trabalho. No Nordeste, apenas 36%.
A renda por pessoa no Nordeste é muito menor. Aqui, não se trata de salário, mas do rendimento médio de cada pessoa, rendimento de todas as origens.
Cada pessoa da metade mais pobre da população nordestina tem rendimento de em média 485 reais por mês, 35% abaixo da média nacional. No Sudeste, a metade mais pobre ganha 909 reais, 22% acima da média nacional.
No Nordeste, em quase 30% das casas há alguém que recebe Bolsa Família. Em São Paulo, são 5%.
A desigualdade tem motivos muito complicados. Mas a gente sabe que falta de instrução, de escola, é um problema grave. Falta de infraestrutura também: de estrada, de saneamento, de água, de hospital. Sem educação e infraestrutura, é difícil ter empresa, ter negócio, emprego. O país inteiro sofre com isso. Sofre mais no Nordeste.