Vinicius Torres Freire/Por que o crédito cresce tão pouco?

Por 24 de novembro de 2017Jornal da Gazeta

Enquanto os bancos não emprestarem mais dinheiro, com juros menores, a economia brasileira vai se recuperar mais devagar.
A má notícia e que o total de dinheiro emprestado na economia brasileira continua caindo e, segundo os maiores bancos brasileiros, vai aumentar nada ou quase nada no ano que vem.
Uma notícia mais ou menos é que as taxas de juros dos principais tipos de empréstimos continuam caindo, mas mais devagar.
É o que a gente soube hoje pelo balanço mensal do crédito, feito pelo Banco Central do Brasil.
Primeiro, vamos falar dos juros. A gente viu que as taxas do cartão de crédito rotativo continuam altíssimas, além da Lua. Essas são as taxas que as pessoas pagam quando não pagam o total devido no cartão.
Mas esses empréstimos são uma minoria no total do crédito do país, uns 4%. Outras taxas continuam caindo. A juro médio para comprar um carro estava em quase 26% faz um ano, em outubro do ano passado. Agora estão em 22,5%. Caiu, mas nem tanto assim. Ajuda as pessoas a comprarem mais carros, mas nem tanto assim.
Em um ano, a taxa para comprar imóveis caiu de quase 15% para 12% agora. A taxa do empréstimo consignado caiu de 29,6% para 27%. Esses são os três principais tipos de empréstimos tomados pelas pessoas físicas, nós.
Ajuda? Ajuda, mas as taxas não caíram tanto quanto poderia se prever, dada a queda dos juros no atacadão de dinheiro, nos negócios entre bancos.
Para as pessoas jurídicas, para as empresas, o total de empréstimos ainda cai muito. Os juros, nem tanto.
Por que o crédito cresce tão pouco? Muita gente ainda tem medo de pegar empréstimos, comprar casa, carro, fazer crediário. Quem está empregado, ainda tem medo do futuro, porque a economia se recupera muito devagar. Os bancos também têm medo, temem emprestar para quem não vai ter como pagar, pelo mesmo motivo: ainda têm medo do futuro.
Uma coisa puxa a outra. A economia se recupera devagar, não dá tanta confiança para ninguém. Sem confiança, o crédito não vai para a frente. E assim a recuperação segue devagarinho.

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