Vinicius Torres Freire/Muita gente em trabalho precário

Por 17 de novembro de 2017Jornal da Gazeta

Como a gente acabou de ver, o IBGE soltou uma baciada de números sobre o trabalho no Brasil. Uma baciada de números e, principalmente, de lágrimas. Há uma melhorazinha. O desemprego diminui um pouquinho, mas os trabalhos que aparecem são em geral precários, sem carteira assinada. Mas há tristezas novas na pesquisa trimestral do IBGE, além dos horrores de sempre, mulheres e negros ganhando menos do que homens e brancos, por exemplo. A taxa de desemprego é de 12,4%. São quase 13 milhões de pessoas que procuram emprego mas não acham. Mas ainda existem outros 6 milhões de pessoas que queriam trabalhar mais horas, mas não conseguem, por não terem oportunidade. Não são desempregadas. São subocupadas. Juntas, pessoas desempregadas e subocupadas são mais de 19 milhões de pessoas, mais de 18% da força de trabalho.
O número de pessoas subocupadas, que trabalham em período integral porque não conseguem, subiu 30% desde o ano passado.
E os jovens? O desemprego entre as pessoas de 18 até 24 anos é muito maior do que a média do país: é de 26,5%. Pelo menos 1 em cada 4 jovens procura trabalho e não acha.
Tem coisa ainda mais triste. Dos quase 13 milhões de desempregados, 40% está sem trabalho faz mais de um ano, apesar de estar procurando. São mais de 5 milhões de pessoas nessa situação. Mais de 2,5 milhões procuram trabalho faz mais de dois anos. São desempregados crônicos.
Como a gente viu, tem um monte de gente em trabalho precário: sem carteira, por conta própria, fazendo bico. Muitos trabalhando em tempo parcial, porque não conseguem trabalho em tempo integral.
Agora, tem a reforma trabalhista. Isso vai mudar? De início, o mais provável é que o pessoal que trabalho fazendo bico ou sem contrato seja regularizado, mas o trabalho precário, por poucas horas, deve continuar por algum tempo.
É possível que alguns contratos por tempo integral se transformem em trabalho intermitente, contrato por hora. Então, cresce a precarização.
É possível que, no curto prazo, o número de empregos aumente um pouco. Mas a precarização não deve melhorar tão cedo.

Deixe uma resposta