Vinicius Torres Freire/Falta emprego com carteira assinada

Por 31 de outubro de 2017Jornal da Gazeta

No mercado de trabalho, o resumo da ópera deste ano é o seguinte: 2017 foi um ano em que teve mais gente empregada do que em 2016. Mas trabalhando em empregos piores. A maioria, ganhando na média tanto quanto no ano passado.
É que dá pra resumir pela pesquisa de emprego do IBGE até setembro, que saiu hoje, como a gente viu.
Pode mudar neste restinho de final de ano, no último trimestre? A situação deve continuar a melhorar, muito devagarinho. No final do ano, talvez a taxa de desemprego seja igual à do ano passado.
O problema maior é que falta emprego com carteira assinada, que continua desaparecendo.
Tem gente especulando que, quando começar a valer a reforma trabalhista, agora em novembro, vai aumentar um pouco o número de contratações.
Em relação a setembro do ano passado, o número de trabalhadores empregados com carteira cai ainda 2,4%, o que significa 800 mil pessoas a menos. Por que tem mais gente empregada, no total? Porque aumentou o número daqueles trabalhadores que o IBGE chama de “por conta própria” e por causa do emprego sem carteira.
“Por conta própria” é um grupo que inclui desde autônomos com um bom trabalho até gente que faz bico. Mas, na média, esses trabalhadores ganham 23% menos do que aqueles com carteira assinada. Os sem carteira ganham quase 40% menos.
Quem acredita na reforma trabalhista acha que as empresas vão perder o medo de contratar, pois em tese haveria menos risco de processos na Justiça, agora. Além do mais, será possível contratar mais gente pagando menos: por meio de empresas terceirizadas e em contratos por tempo parcial. Isto é, contratar o trabalhador apenas por algumas horas por dia, com registro legal, mas salário bem menor.
Mas isso ainda é uma especulação teórica.
O fato maior é que as empresas ainda estão com capacidade ociosa e com medo de fazer contratações e investimentos, por não saberem direito o que vai ser do ano eleitoral de 2018. Não sabem se a economia vai enfiam decolar ou se vai virar uma bagunça de novo, por causa da política.

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