Vinicius Torres Freire/Economia se recupera de modo lento

Por 6 de dezembro de 2017Jornal da Gazeta

Pesquisas do Datafolha mostram que os brasileiros comuns estão ainda muito pessimistas com o futuro da economia, apesar de toda a conversa de que o país se recupera.
É verdade que o desânimo diminuiu um pouquinho desde meados do ano passado, quando ainda 80% das pessoas achavam que a situação econômica do país tinha piorado. Mas os pessimistas ainda são 60% desde junho.
Dá para entender bem. Uma recuperação de uma crise ruim, mas normal, parece com a cura de uma infecção feia, em que a pessoa toma antibiótico e repousa e sai para a vida. Nesta crise, parece que fomos atropelados por um caminhão, pegamos tétano e ainda infecção hospitalar.
A recuperação da economia é muito desigual. Nesta semana, soubemos pelo IBGE que a indústria de veículos cresceu 20% neste ano. Mas a indústria de comida não cresceu. As vendas dos hipermercados neste ano ainda não cresceram em relação ao ano passado.
Os números das montadoras, que saíram hoje, mostram detalhes dessa recuperação. A produção aumentou quase um terço em relação a 2016. Mas quase metade desse aumento foi vendido fora do país.
Há um pouquinho mais de trabalho, mas os empregos novos são ruins, precários e pagam pouco. A reforma trabalhista começa dar notícias assustadoras, embora se trate de poucos casos ainda.
Depois de mais de três anos de crise, a vida praticamente apenas parou de piorar, para a maioria das pessoas comuns. A recuperação da economia é concentrada da agricultura, nas montadoras, na produção de ferro e petróleo. Apenas agora no final do ano o consumo começa a acelerar de modo mais relevante.
Certos setores da economia ainda parecem mal ter saído de uma guerra. Na construção civil, que emprega tanta gente, o caso é ainda de depressão no fundo do poço. Há poucas obras de casas e quase nenhuma de novas fábricas ou estradas. Falta investimento.
A economia se recupera de modo lento, capenga, manquitolando. O povo está dizendo isso nas pesquisas. Pode dizer mais nas urnas, se a coisa não melhorar.

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