Então, o Banco Central diminuiu a taxa de juros básica da economia de 6,75% para 6,5%. Faz alguma diferença essa mexida de nada?
Sim. De grão em grão, dá para encher um papo com essas mudanças.
Vamos dar um exemplo prático, mas pouco percebido, de como isso mexe até com aquele nosso investimento, aquele dinheirinho que foi para um fundo de investimento do banco.
Faz um ano, a taxa de juros estava mais ou menos em 11%.
Pois bem. Se você tivesse um investimento em fundo de renda fixa no banco, esse dos mais comuns, seu dinheiro estaria rendendo quase isso, quase 11% ao ano. Agora, quase 6,5%. É uma diferença grande.
E daí? Daí que, com esse rendimento mais baixo, a gente pode ter duas ideias. Primeira ideia: vamos procurar um investimento que renda mais. Segunda ideia: já que está rendendo pouco, vamos gastar.
No caso da primeira ideia, de procurar um investimento que renda mais, o que pode acontecer?
A maioria desses fundos de banco na verdade pegam o dinheiro que nós depositamos lá e emprestam para o governo, empréstimos de curto prazo, mais ou menos por essa taxa de juros definida pelo Banco Central, a Selic. Pegam parte desses juros e pagam os rendimentos para o nosso fundo.
Para ter rendimento maior, é preciso investir em algo mais arriscado. Por exemplo, emprestar para empresas, para investimentos imobiliários ou agropecuários, por exemplo. Os bancos oferecem esse tipo de investimento, em várias formas. Qual a diferença?
Em vez de emprestar para o governo, vamos emprestar para uma atividade produtiva, para uma empresa.
Deu para perceber? Quando os juros caem, a gente não pode mais ficar naquele investimento tranquilo, de emprestar para o governo e conseguir juros altos, sem risco. O dinheiro agora pode financiar novos negócios, o que faz a economia crescer. Mesmo reduções pequenas, aos poucos, vão levando o dinheiro de um lugar para outro, vão incentivando as pessoas a investirem em negócios. Direta ou indiretamente.
Como a inflação está baixa e a economia está lerda, o Banco Central pode e na verdade deve baixar ainda mais a taxa básica de juros.