NA MÉDIA do ano passado, a taxa de desemprego foi bem maior que em 2016. Foi o pior ano em décadas. Mas dezembro foi o primeiro mês com desemprego menor que no mesmo mês do ano anterior.
Isso não acontecia desde outubro de 2014.
Mais uma vez, as notícias econômicas parecem a história de um atropelamento. O médico diz que a pessoa tem fraturas múltiplas, está toda arrebentada e vai demorar para sarar. Mas não corre risco de vida e nem de ficar com nenhuma sequela.
Ou seja, como em um atropelamento feio, foi ruim, mas começou a passar.
O número de pessoas empregadas continua aumentando. Em um ano, aumentou 1 milhão e 900 mil. A maioria dos empregos novos é sem carteira ou é bico. É verdade. As empresas ainda estão com medo de contratar. Mas isso começa a mudar também.
Como o desemprego é tão alto e a gente diz aqui que tem mais gente trabalhando? Como a gente sempre explica, taxa de desemprego é a proporção das pessoas que quer trabalhar e não consegue. É diferente da quantidade de pessoas que está trabalhando, que está aumentando.
O total de salários pagos no país inteiro, a massa salarial, cresceu em 2017. Em 2015 e 2016, tinha caído.
Então, a massa salarial começou a crescer. Há mais gente trabalhando. O crédito dos bancos para as famílias também começou a crescer em meados do ano passado. O endividamento das famílias caiu para o nível mais baixo desde 2010.
Em geral, esses são sinais de que o consumo vai continuar a crescer. Cresceu bem pouquinho no ano passado. As vendas do varejo devem ter crescido pouco mais de 1%. Neste ano, o consumo das famílias vai crescer mais rápido. Em resumo, a recuperação da economia começou a engrenar. A gente foi atropelada, é certo, está difícil de ver que a melhora está vindo. Mas 2017 foi o fim dos terrores da crise. Agora, é o começo do alívio.