Vinicius Torres Freire/A dívida não pode crescer sem parar

Por 2 de fevereiro de 2018Jornal da Gazeta

O que significa essa numeralha do governo federal? A gente acabou de ouvir que o governo vai bloquear 16 bilhões do Orçamento. Quer dizer, tem previsão de gastar um dinheiro para o ano inteiro, mas, por precaução, vai segurar uma parte desse tutu.
Por quê? Por que o governo ain da não sabe se vai conseguir cancelar algumas despesas, que dependem de votação no Congresso, e não sabe se vão entrar outras receitas.
E daí? No ano passado, por essa época, o governo dizia que iria bloquear 40 bilhões.
Parece então que a situação está melhorzinha. Que o governo talvez possa cortar menos gasto em obras como estradas ou casas populares, por exemplo.
Na verdade, a situação está apenas menos ruinzinha. O governo ainda vai gastar muito mais do que arrecada neste ano. Deve ficar no vermelho em 150 bilhões.
O que é essa dinheirama? É mais do que o governo gasta com saúde e Bolsa Família por ano.
Como faz pagar para cobrir esse buraco? Pede dinheiro emprestado e paga juros, o que enriquece os mais ricos, que são as pessoas e empresas que têm dinheiro para emprestar.
Dá para ficar nesse ritmo? Não. A dívida não pode crescer sem parar. Para piorar, há gastos que crescem sem parar, porque são definidos por lei ou pela Constituição, como as despesas da Previdência.
Se continuarmos nessa toada, o governo vai gastar cada vez menos dinheiro em obras, despesa que já baixou para o menor nível em mais de uma década.
Sem obras, a infraestrutura do país, como estradas, vai ficando em ruínas. Depois, vai ficar difícil pagar a despesa com saúde, com universidades, com pesquisa científica e talvez salários, como no Rio de Janeiro.
Para evitar esse desastre, é preciso aumentar imposto e evitar o crescimento de algumas despesas, da Previdência em particular.
Qualquer candidato ou candidata séria a presidente vai ter de tratar desse assunto: como acabar com o vermelho nas contas do governo. Se não falar claro sobre esse assunto, vai estar enrolando.
Isto é: ou vai deixar a coisa quebrar, quando tomar posse, ou vai fazer o contrário do que disse na campanha.
Não tem jeito.