O clima esquentou no Oriente Médio e no Golfo Pérsico. O último capítulo aconteceu ontem, quando a Arábia Saudita anunciou que estava retirando todos os seus cidadãos do Líbano. Mas os sauditas não têm nada contra os libaneses. Eles quiseram atingir o Hizbollah, que é uma mistura de partido político e milícia armada, que hoje tem o Líbano nas mãos. O Hizbollah é uma ponta de lança dos interesses xiitas na região. E bate de frente com a Arábia Saudita, que patrocina a corrente rival do islamismo, os sunitas. Pois bem, atrás do Hizbollah está o Irã, que é a única potência militar xiita do mundo islâmico. A Arábia Saudita não quer que o Irã se fortaleça, o que poderia ameaça-la. A Arábia Saudita é um imenso deserto, com apenas 28 milhões de habitantes. Mas tem o petróleo e os locais sagrados para os muçulmanos. O irã tem três vezes mais gente. Também tem petróleo e procura ocupar a posição estratégica que até há 15 anos era ocupada pelo Iraque, um país que afundou depois da invasão americana. Pois bem, o enredo dessa história está no controle geopolítico da região. O curioso é que Israel, que não tem nem relações diplomáticas com esse monte de vizinhos, apoia a Arábia Saudita, porque acredita que pagaria um preço alto em caso de fortalecimento do Irã. O Líbano entra nessa história de gaiato. O primeiro-ministro libanês renunciou ao cargo no sábado passado, acusando o Hizbollah e o Irã de não o deixarem governar. O nome desse primeiro-ministro é Saad Hariri. Pois ele estava e continua na Arábia Saudita. Quem o visitou de surpresa foi o presidente da França, Emmanuel Macron. A França tem ligações históricas com o Líbano, que já foi no passado um protetorado dela. Tudo isso parece muito confuso. É um tabuleiro de xadrez com muitas mãos mexendo ao mesmo tempo nas peças. Os Estados Unidos acreditam que desta vez ainda não vai ter guerra. Mas a Arábia Saudita e o Irã já estão aquecendo as turbinas. Infelizmente. É assim que o mundo gira. Boa noite.