O Chile vai eleger depois de amanhã um presidente da República. É um país menos desigual e bem menor que o Brasil. Tem uma população onze vezes menor que a nossa. E o PIB por habitante é de 10 mil dólares maior. A organização internacional OCDE promoveu o Chile à condição de país desenvolvido. É o único caso da América Latina. Como acontece desde o fim da ditadura do general Augusto Pinochet, em 1988, desta vez também haverá um confronto entre esquerda e direita. Mas é uma esquerda que não tem nada de bolivariana. A ela pertence a atual presidente, a moderada Michelle Bachelet. E uma direita que não é truculenta e neoliberal, como nos tempos da ditadura. O candidato da direi ta é Sebastián Piñera, empresário que tem uma fortuna de 2,7 bilhões de dólares, e que já foi presidente do Chile entre 2010 e 2014. Ele encabeçou a votação no primeiro turno de novembro, e enfrenta o jornalista Alejandro Guillier, hoje senador e que já foi âncora da televisão. A direita quer pôr um freio em conquistas do atual governo, como a união estável entre pessoas do mesmo sexo. Ou a legalização do aborto por razões terapêuticas. O ensino superior chileno é pago. Esquerda e direita divergem sobre a extensão de programas de bolsas de estudo. E há sobretudo a Previdência. A ditadura Pinochet acabou com o sistema estatal e impôs um mecanismo individual de capitalização. Cada um se aposenta com a poupança que conseguiu fazer. A esquerda quer que o Estado intervenha para aumentar as ap osentadorias, que são ridículas para os mais pobres. Mas tudo isso não passa de um pano de fundo secundário, diante de um Chile que ainda não lida muito bem com a ideia de democracia eleitoral. O voto não é mais obrigatório. E menos da metade dos eleitores votou no primeiro turno do mês passado. As pesquisas de intenção de voto dão uma vantagem de apenas dois pontos para o candidato da direita. É praticamente um empate técnico. Vamos esperar o que vai dar no domingo. É assim que o mundo gira. Boa noite.