A história que eu vou contar é muito simples. A oposição da Venezuela se dividiu. E com isso, quem sai ganhando é o ditador Nicolas Maduro. O último capítulo desse drama político começou há nove dias. Depois de dez meses de atraso, os bolivarianos permitiram que a Venezuela elegesse seus 23 governadores. As pesquisas indicavam que a oposição elegeria até 20 dos 23. Mas ela só conseguiu eleger cinco. Veio então o rolo compressor. Só tomaria posse quem jurasse fidelidade à Assembleia Nacional Constituinte. Essa Assembleia é aquela instituição podre. Não foi eleita pelo voto universal, e não tem um só representante da oposição. Ela usurpou os poderes da Assembleia eleita no final de 2015, em que a oposição tem dois terços dos deputados. Pois agora começa o fato mais grave dessa história. Dos cinco governadores oposicionistas, quatro aceitaram ontem prestar juramento. Argumentaram que, sem isso, não tomariam posse. E não seriam reconhecidos pelas assembleias legislativas dos estados, que estão com seus mandatos prorrogados, e não foram renovadas nas eleições do último dia 15. Um único governador da oposição não prestou juramento. O nome dele é Juan Pablo Guanica. Ele foi eleito no estado de Zília, que faz fronteira com a Colômbia. Maduro declarou hoje que Guanica cometeu um ato de desacato. Vejam que absurdo. Desacatar a ordem de alguém é coisa de subalterno. Um governador tem a legitimidade do eleitor que o escolheu. Quem tem razão nessa história é Maria Corina Machado, a ex-deputada que boicotou essas eleições, porque sabia que a ditadura tinha planos de ganha-las no tapetão. No ano que vem, o próprio Nicolas Maduro vai partir para o jogo de cartas marcadas, e se reeleger em dezembro. O roteiro da fraude eleitoral já está desenhado. Com um país quebrado, sem comida e sem medicamentos, a única alternativa é emigrar para algum canto estrangeiro. A Venezuela tem 31 milhões de habitantes. Pois 2 milhões e meio já caíram fora. É assim que o mundo gira. Boa noite.