A política está meio confusa na Argentina. O que não é nenhuma novidade. Neste próximo domingo, eleições renovam um terço dos 72 senadores, e a metade dos 257 deputados e, como era de esperar, será um confronto entre os peronistas, da ex-presidente Cristina Kirchner, e os liberais, do presidente Maurício Macri. Cristina é candidata ao Senado pela província de Buenos Aires. Ela enfrenta o ex-ministro da Educação de Macri, chamado Estebam Bullrich. Em termos racionais, o confronto já teria uma dimensão plebiscitária. Estaria em jogo a política econômica de Macri, que acabou com os subsídios, e provocou no ano passado uma recessão. Mas a economia voltou agora a crescer, e a inflação caiu pela metade. Eis que entrou nesse no jogo novo eleitor. Aliás, o cadáver de um rapaz de 28 anos, que morreu em 10 de agosto. Ele se chamava Santiago Maldonado. Era uma espécie de hippie, que vendia bugigangas de artesanato. Pois ele entrou, sem ser chamado, num conflito de terras na Patagônia, entre os índios mapuches e uma empresa italiana. Na confusão Maldonado sumiu. Passeatas por toda a Argentina exigiam informações sobre o paradeiro dele. Testemunhas afirmavam que ele tinha sido preso pela Polícia Federal Argentina. Na última quarta-feira, o corpo de Maldonado apareceu. Estava congelado dentro de um rio, a menos de 300 metros do local do sumiço. Cristina Kirchner e os peronistas acusaram o presidente Macri pela morte do rapaz. Uma pesquisa do jornal Clarín, mostrou que 40% dos Argentinos acreditam que o episódio seria ruim para os candidatos do presidente. Cristina afirmou que Maldonado era o primeiro desaparecido do governo neoliberal. Juntou o desaparecimento com a tragédia de direitos humanos, que foi a última ditadura militar, que terminou em 1983. Se houve truculência, a polícia deverá pagar pelo crime que cometeu. Mas agora a polícia vai arrastar, juntos, o presidente da República e os candidatos que ele apoia no domingo. É assim que o mundo gira. Boa noite.