As coisas andam muito ruins para os peronistas. Hoje de manhã, a justiça da argentina prendeu Amado Boudou, que foi o vice-presidente da República, no segundo mandato de Cristina Kirchner. É a mesma Cristina enfraquecida, porque, nas eleições do mês passado, ela ficou em segundo lugar na disputa pelo Senado, em Buenos Aires. Foi ultrapassada pelo candidato do presidente Maurício Macri. Ela foi eleita, mas sem o trunfo do primeiro lugar. Pois bem, Boudou foi preso por enriquecimento ilícito. Era uma vocação meio conhecida. No currículo, ele tem episódios esquisitos. Desde a falsificação de prestação de contas, quando viajou à França como funcionário do governo, até documentos falsificados para comprar um carro há alguns anos. Ao abandonar o pequeno varejo e partir para a corrupção no atacado, Boudou foi acusado de trambiques, na construção de casas populares que nunca entregou. Ou pela compra de uma empresa que imprimia o dinheiro argentino. E que ele teve a gentileza de em seguida estatizar. Existem também algumas sombras, sobre a estatização de corretoras que cuidavam dos fundos individuais de aposentadoria. Digamos que Amado Boudou não é um animal excepcional na fauna da política latino-americana. A Lava Jato, por aqui, tem coisa pior. Mas, na Argentina, corrupção no peronismo acaba beneficiando o liberal Maurício Macri. O presidente, fortalecido pelas eleições legislativas de outubro, está em condições muito boas para aprovar as reformas tributária e trabalhista. Macri também está para ganhar um outro presente. Lembrem-se daquele rapaz que sumiu num conflito de terras na Patagônia, no mês de agosto. Os peronistas tiraram votos do governo, ao afirmarem que o rapaz foi sequestrado e morto pela polícia. Mas, hoje, o jornal Clarín diz que a autópsia vai demonstrar que Santiago Maldonado, o nome do garoto, morreu afogado e não de morte matada. Desta vez, um defunto que o governo da Argentina pode até comemorar. É assim que o mundo gira. Boa noite.