Quando a Câmara dos Deputados da Argentina votou, já eram 7 horas da manhã de hoje. E aprovou a versão portenha de uma reforma da Previdência. Essa é uma história que tem muitas outras histórias embutidas dentro dela. A primeira foi a greves nos transportes que parou a Argentina, e que demonstrou muita energia sindical contra o projeto do presidente Maurício Macri. E tivemos também o confronto de manifestantes com a polícia, naquilo que o próprio Macri afirmou, o que é uma grande besteira, que foi uma violência orquestrada, e não espontânea. Mas tem duas outras histórias mais importantes, que chegam dentro desse episódio. A primeira reflete a existência de maneiras divergentes de pensar o estado. A oposição peronista queria que as aposentadorias continuassem a ser calculadas por um critério que também levava em conta a volume da arrecadação de impostos. Mas o presidente Macri achava que isso seria subsídio. Pela nova fórmula de reajuste, prevalece como critério apenas a inflação. Com isso, o governo economiza 1% do PIB. Atrai investidores e dinamiza a economia. A segunda história, que não apareceu de um jeito aberto em Buenos Aires, foi o primeiro round de um embate político, em que liberais e peronistas se preparam para a eleição presidencial de 2019. A ex-presidente Cristina Kirchner é candidata. Maurício Macri, também. E os dois tomaram a reforma da Previdência como um picadeiro para suas ambições eleitorais. No plenário da Câmara, Macri ganhou com uma diferença de apenas nove votos. E teve a adesão de 19 deputados da oposição. Ou seja, o presidente argentino esmagou a senadora Cristina Kirchner. Os empresários e investidores estão felizes. A bolsa de Buenos Aires subiu no pregão de hoje. Macri levou a melhor. Está demonstrando que seus adversários peronistas perderam velocidade. Eles que defendem o populismo, os subsídios e um estado pesado. É assim que o mundo gira. Boa noite.