Daqui a um pouco mais de sete horas será meia-noite em Washington, e os Estados Unidos correm o risco de mergulharem num estado de apagão orçamentário. Eles usam a palavra “shutdown”. Por falta de autorização do Congresso, o governo não tem mais dinheiro para funcionar. As únicas exceções são as Forças Armadas, o controle do tráfego aéreo e os hospitais ligados ao governo central. O projeto de orçamento, aprovado hoje de madrugada pela Câmara dos Deputados, está agora nas mãos do Senado. O texto precisa do apoio de 60 dos 100 senadores. Os republicanos têm 51, a metade mais um. Mas quatro já anunciaram que votarão contra o governo. O impasse seria resolvido apenas se a Casa Branca fizer concessões. A oposição democrata pede que Donald Trump desista de condenar à deportação, os 700 mil estrangeiros que chegaram aos Estados Unidos ainda crianças, em companhia dos pais que eram imigrantes ilegais. Trump respondeu que até pode conversar sobre o assunto. Mas quer em troca que os senadores da oposição providenciem o dinheiro, para construir aquele muro da vergonha, na fronteira entre os Estados Unidos e o México. Os democratas se recusam a discutir esse assunto. E têm toda a razão. Essa é a quarta vez, em vinte anos, que os Estados Unidos enfrentam um apagão orçamentário. A última foi em 2013, durante o governo Barack Obama, e o apagão durou 16 dias. Mas é a primeira vez que isso acontece quando um só partido, o Partido Republicano, controla as duas Casas do Congresso e do Poder Executivo. A verdade é que Donald Trump se enfraqueceu politicamente d esde a semana passada, quando chamou o Haiti e o continente africano de “países de merda”. A ofensa diminuiu a margem de manobra dos parlamentares próximos do governo. E no falar nisso, amanhã, sábado, Donald Trump poderia estar festejando o primeiro aniversário de seu mandato presidencial. Mas o presidente americano vai estar no olho do furacão do Orçamento. É assim que o mundo gira. Boa noite.
