Antes de mais nada, uma constatação fundamental. Os países que hoje permitem o casamento entre pessoas do mesmo sexo, são os únicos que respeitam, de modo incondicional, os direitos humanos. Ninguém pode ser discriminado por motivo de orientação sexual. Por isso, o espantoso é que só hoje, sexta-feira, a Alemanha tenha aprovado uma lei nessa direção. A partir de agora, entre os países mais importantes da Europa, só a Itália e a Áustria ainda não adotam o chamado casamento gay. Italianos e austríacos só podem legalizar relações homoafetivas por contratos limitados, que não permitem, por exemplo, a adoção de crianças. E há também os países europeus com forte tradição católica, onde não se toca ainda no assunto. É o caso da República da Irlanda e da Polônia. Mas olhem que curioso. Portugal e Espanha têm também fortes raízes no catolicismo. E, mesmo assim, os dois países ibéricos já legalizaram essa forma de união. A história do casamento gay é recente. Ela começou há apenas 16 anos, na Holanda. E conforme se espalha pelo mundo, maior é a oposição de grupos religiosos e conservadores. Hoje são 24 os países que legalizaram o casamento entre pessoas do mesmo sexo. No lado contrário, não existem apenas países de tradição muçulmana. Como é o caso da Turquia, onde, ainda no domingo passado, a parada gay foi dissolvida pela polícia com balas de borracha. Existem 17 países em que mais de 80% da população se opõem a essa conquista. Aqui na América Latina, são os casos do Paraguai, da Guatemala e do Peru. Entre os países cristãos sexualmente mais opressores, tem a Rússia e as Bahamas. No Brasil, cabe lembrar, o casamento gay nunca foi aprovado pelo Congresso. A bancada evangélica não deixaria. Mas a definição de casamento foi arejada por uma decisão de 2011, do Supremo Tribunal Federal. E reiterada dois anos depois, pelo Conselho Nacional de Justiça, que obrigou os cartórios a registrarem casamentos entre pessoas do mesmo sexo. É assim que o mundo gira. Boa noite.