
O comentarista de Política Internacional João Batista Natali fala sobre as eleições na Venezuela.
A ditadura da Venezuela terá eleições nesse domingo, para a escolha dos 23 governadores. Mas vocês podem me perguntar: “como é que na ditadura tem eleição?” E eu respondo, tranquilamente. Será uma grande fraude, para o teatrinho do Nicolas Maduro. Em princípio, 18 milhões de venezuelanos poderão votar. Pesquisas dizem que a oposição tem 50 por cento dos votos, e os bolivarianos apenas 30 por cento. Em circunstâncias normais, a oposição passaria de três para uns 20 governadores. Mas não é o que vai acontecer. Primeira razão. O governo não deixou entrar observadores internacionais, que testemunhariam uma votação honesta. Segunda razão. Vota-se no governador, mas não nos deputados estaduais. O governad or precisará governar com assembleias de maioria bolivariana. Terceira razão. Nas regiões em que a oposição é mais forte, 700 mil eleitores tiveram designados de última hora novos locais de votação. O eleitor tende a ficar desorientado, o que é ponto para o chavismo. Quarta razão. Nicolas Maduro avisou que só dará posse aos governadores que reconhecerem a Constituinte de mentirinha, aquela que não foi eleita pelo voto universal, e que não tem uma única cadeira da oposição. Quinta razão. A televisão é controlada pela ditadura, e não abriu espaço para a propaganda dos oposicionistas. Me digam, então, se essa porcaria pode ser chamada de eleição democrática? Claro que não. Não é bem Maduro que patrocinou a palhaçada. Foram as Forças Armadas, que mandam no re gime e no país. Elas precisam segurar os homens do lado de baixo da hierarquia, que sofrem os efeitos trágicos da falência bolivariana. A inflação é de 650 por cento. Falta comida, e 15 por cento das crianças sofrem de subnutrição crônica. A morte por desnutrição, nos hospitais públicos, cresceu 260 por cento. E para colocar uma cereja em cima desse bolo, 70 por cento dos venezuelanos afirmam que a eleição para governador será fraudada. Eles têm razão. Será um faz-de-conta de democracia. É assim que o mundo gira. Boa noite.