A escalada da violência entrou hoje em novo patamar na Venezuela. O governo anunciou que reprimiria, e condenaria, a até 10 anos de prisão, quem saísse às ruas para manifestar contra a constituinte de mentirinha, que será escolhida no domingo. Mesmo assim, os partidos da oposição, coligados na mesa da unidade democrática, começaram, ao meio-dia de hoje, a tomar as ruas de Caracas, e as de outras grandes cidades. Nicolas Maduro quer que a constituinte ocupe o lugar da Assembleia Nacional, eleita em 2015, e onde a oposição tem dois terços dos deputados. O ditador descartou o voto universal. Nessa constituinte de faz-de-conta, 173 delegados serão escolhidos por entidades do aparato bolivariano, como o sindicato do petróleo. Outros 364 delegados vão sair na base de um por município. Acontece que os poucos municípios maiores são contra os bolivarianos, e muitos municípios minúsculos podem até apoiar o governo. A oposição boicota a constituinte de araque. Não apresenta candidatos. A Venezuela já tem uma constituição chavista, aprovada por referendo em 1999. Mas Maduro não quer bem uma nova constituição. Ele quer transformar a minoria em maioria. Só 23% dos Venezuelanos aprovam a manobra do governo. E isso não vai resolver o colapso da economia. Um quarto dos Venezuelanos está desempregado. 93% deles não têm dinheiro para comprar uma cesta básica. A máfia que controla o mercado de alimentos, já ganhou 27 bilhões de dólares nos últimos 7 anos. A cada 4 pessoas, 3 perderam peso de um ano para cá, por falta de comida. Nada disso vai acabar com a pseudo-constituinte. O governo está encurralado. Sofre críticas e sanções da comunidade internacional. Sobraram duas esperanças. Algum movimento militar. Ou então negociações. A senha para elas estaria na possibilidade, de Nicolas Maduro adiar a instalação da constituinte, e negociar com a oposição. O que, em meu diálogo aqui com os meus botões, eu acho meio difícil. É assim que o mundo gira.