João Batista Natali/Americanos se iludem com matanças

Por 16 de fevereiro de 2018Jornal da Gazeta

Os 17 adolescentes que foram estupidamente massacrados, anteontem na Flórida, merecem que falemos do desarmamento. Os Estados Unidos têm apenas 4,4% da população mundial. Mas são de americanos 48% das armas de fogo nas mãos de civis. O direito de ter uma arma é garantido pela Segunda Emenda da Constituição, votada em 1791. A questão básica consiste, então, em limitar o exercício desse direito. Mas o porte de armas é defendido pelos mais conservadores. Existe também o lobby chefiado pela NRA, que é financiada pelos fabricantes de armas, e que dá dinheiro para as campanhas eleitorais. Donald Trump foi eleito com o apoio dessa gente. Ele e a direita argumentam que os massacres são provocados por desequilibrados mentais. E que basta monitorar o país para localizar esses doentes. Mas a verdade não é bem essa. O governo de Barack Obama baixou uma determinação, para que não pudessem comprar armas pessoas que tenham sido internadas em clinicas psiquiátricas. Mas no ano passado, Donald Trump revogou essa determinação. A Flórida, onde aconteceu o massacre de quinta-feira, é o único dos 13 estados, do sul dos Estados Unidos, onde o portador de uma arma de fogo não precisa registrá-la em nenhum serviço público. E eu não estou falando de revólver pequenininho, de matar passarinho. Eu estou falando do ar-15, que é o rifle usado na quinta-feira pelo assassino da cidade de Parkland. Um ar-15 é capaz de dar 80 tiros por minuto. A mesma arma foi usada no ano passado pelo maluco que matou 26 pessoas, numa cidadezinha do Texas, e pelo outro maluco que matou 58 pessoas, em Las Vegas. Cada um desses dramas provocou o mesmo debate. É preciso limitar a venda de armas de fogo. Mas essas matanças acabam produzindo o efeito oposto. Alguns acabam achando que, como o mundo é perigoso, para enfrentar o perigo é preciso comprar uma arma. Ou essa gente acorda, ou então os americanos acabarão se matando uns aos outros. É assim que o mundo gira. Boa noite.

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