
Os 17 adolescentes que foram estupidamente massacrados, anteontem na Flórida, merecem que falemos do desarmamento. Os Estados Unidos têm apenas 4,4% da população mundial. Mas são de americanos 48% das armas de fogo nas mãos de civis. O direito de ter uma arma é garantido pela Segunda Emenda da Constituição, votada em 1791. A questão básica consiste, então, em limitar o exercício desse direito. Mas o porte de armas é defendido pelos mais conservadores. Existe também o lobby chefiado pela NRA, que é financiada pelos fabricantes de armas, e que dá dinheiro para as campanhas eleitorais. Donald Trump foi eleito com o apoio dessa gente. Ele e a direita argumentam que os massacres são provocados por desequilibrados mentais. E que basta monitorar o país para localizar esses doentes. Mas a verdade não é bem essa. O governo de Barack Obama baixou uma determinação, para que não pudessem comprar armas pessoas que tenham sido internadas em clinicas psiquiátricas. Mas no ano passado, Donald Trump revogou essa determinação. A Flórida, onde aconteceu o massacre de quinta-feira, é o único dos 13 estados, do sul dos Estados Unidos, onde o portador de uma arma de fogo não precisa registrá-la em nenhum serviço público. E eu não estou falando de revólver pequenininho, de matar passarinho. Eu estou falando do ar-15, que é o rifle usado na quinta-feira pelo assassino da cidade de Parkland. Um ar-15 é capaz de dar 80 tiros por minuto. A mesma arma foi usada no ano passado pelo maluco que matou 26 pessoas, numa cidadezinha do Texas, e pelo outro maluco que matou 58 pessoas, em Las Vegas. Cada um desses dramas provocou o mesmo debate. É preciso limitar a venda de armas de fogo. Mas essas matanças acabam produzindo o efeito oposto. Alguns acabam achando que, como o mundo é perigoso, para enfrentar o perigo é preciso comprar uma arma. Ou essa gente acorda, ou então os americanos acabarão se matando uns aos outros. É assim que o mundo gira. Boa noite.