João Batista Natali/A guerra na Síria é um saco de gatos

Por 6 de fevereiro de 2018Jornal da Gazeta

A guerra civil da Síria está perto do fim. Mas continua a produzir monstruosidades. A última província que ainda está nas mãos dos rebeldes é Idlib, com 2 e meio milhões de habitantes, e que fica a noroeste do país. Pois ela está sendo bombardeada pela Rússia desde domingo, em resposta à derrubada de um avião russo na véspera. E não é pelo número de mortos que esse episódio é importante. Foram apenas uns 30. O que está em jogo é a questão moral e humanitária. O exército da ditadura de Bashar al-Assad teria usado mais uma vez armas químicas. A informação foi dada à BBC por médicos de um hospital. Os rebeldes que tomam conta da região são um saco de gatos. Têm de tudo. De militares que desertaram do exército da ditadura, até muçulmanos radicais. Essa mistura é uma das marcas registradas dessa guerra que começou em 2011, e que já matou mais de 300 mil pessoas. Cinco milhões fugiram da Síria, criando na Europa um problema grave de refugiados. E os refugiados fortaleceram a extrema-direita na Alemanha e na Hungria. A Síria, hoje com 18 milhões de habitantes, está destroçada. A ditadura de Assad não caiu porque ela foi ajudada pela Rússia e pelo Irã, que enviou milícias para combater os rebeldes sunitas. Os Estados Unidos no comecinho apoiaram os rebeldes, mas depois a prioridade passou a ser o Estado Islâmico, que já foi destroçado. Os americanos se aliaram aos curdos, que são um ramo da civilização muçulmana. Mas os curdos estão agora sendo atacados pela Turquia. É bom repetir: a guerra na Síria é um saco de gatos. A solução militar do conflito é uma coisa. A ditadura de Bashar al-Assad vai em breve ganhar. Mas a solução cultural e religiosa é outra coisa. Com relação a isso, a guerra não vai acabar tão cedo, porque a Síria está sob influência da confusão criada pelo Iraque, país vizinho em que grupos sunitas não se conformam com um governo que representa a maioria xiita. É no meio dessa confusão que a Rússia despeja bombas em Idlib. Muito triste. É assim que o mundo gira. Boa noite.

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