Parece assunto antigo, mas a Reforma da Previdência continua no topo das prioridades da agenda do governo. É o que pode fazer mais diferença no ajuste fiscal, que é um dos pontos em aberto da política econômica da atual equipe. A inflação cedeu, dando condições para redução dos juros básicos. A atividade está reagindo, estimulando maior oferta de emprego. As contas externas estão muito bem, com superávits recordes da balança comercial. Mas as contas públicas continuam totalmente deficitárias, com o governo tendo dificuldade até pra cumprir a meta de um déficit de 159 bilhões de reais neste e no próximo ano. Daí o esforço de articulação pra aprovar medidas que segurem o rombo da Previdência. Rombo que, já no próximo governo, pode comprometer até a PEC dos Gastos, que limita o aumento das despesas à inflação do ano anterior. Os gastos do sistema previdenciário crescem em ritmo muito superior. Se Temer não conseguir avançar com nesse tema, ele deve ser retomado pelo governo eleito em 2018. Caso contrário, o desequilíbrio fiscal vai continuar jogando contra qualquer possibilidade de crescimento sustentável a longo prazo. Os déficits das contas públicas afetam a credibilidade, a atração de investimentos, a confiança dos agentes econômicos, geram pressões inflacionárias, reduzem o espaço para cortes dos juros. O governo paga mais caro pra rolar a dívida e captar recursos no mercado, o que prejudica a economia em vários aspectos. Aliás, os efeitos de um fracasso agora, nas negociações com o Congresso, já podem segurar a retomada da economia no ano que vem, se as agências de classificação de risco reduzirem mais a nota de avaliação do País, como vêm sinalizando. Paralelamente às discussões pra viabilizar a reforma, o governo procura garantir mais receita com as privatizações, como da Eletrobrás. É importante não ter só esse objetivo: fazer caixa. As privatizações podem diminuir o tamanho do Estado, a margem para corrupção, garantir mais investimentos, maior eficiência na gestão dos serviços, melhorando a competitividade e a produtividade do País, até pela redução de custos. Resultados que devem ser assegurados através de regras muito bem definidas e, depois, com uma fiscalização eficiente, não com o governo mantendo amarras na gestão, via participação acionária, que é o que pode acontecer. Eu volto na quinta. Até lá.