A meta de inflação no Brasil é elevada para os padrões internacionais. Outros países que adotam esse sistema têm metas de 2 a 3,5%. A questão é que aqui tem indexação, desequilíbrio das contas públicas, que tornam mais difícil ter uma meta menor. Só que agora há uma queda mais intensa da inflação. Reflexo da recessão, da fraqueza do consumo, da boa safra de alimentos. Tudo isso quebrou um pouco o esquema de reajustes. Até os serviços estão cedendo. Se tivermos dois ou três anos de inflação mais baixa o gatilho de reajustes perde força. A inflação este ano pode ficar abaixo de 3%. Pra 2019, que é quando muda a meta, a previsão é de 4,25%. E não é uma mudança tão grande. de 4,5 como é hoje pra 4,25. Como salientou o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, a diferença é que a meta de inflação mais baixa mexe com a expectativas. A expectativa de inflação mais baixa muda até a curva de juros muda. Se a inflação estiver acomodada não há necessidade de juros mais altos. Pra isso, é preciso construir um ambiente que dê confiança no cumprimento da meta. Aí vem a necessidade de uma reestruturação das finanças públicas que viabilize a geração de superávits. O desequilíbrio fiscal pesa na inflação. E as contas públicas continuam batendo recordes de déficits, como o de mais de 29 bilhões de reais, registrado em maio, divulgado hoje. Na verdade, pode ficar uma tarefa difícil para o próximo governo: reduzir as despesas, pra respeitar os limites da PEC dos Gastos e pra garantir essas novas metas de inflação. Mas essa equipe gosta de desafios e vai tentar levar adiante até a Reforma da Previdência, mesmo em meio à crise política. Eu volto na segunda. Até lá.