Denise Campos de Toledo/Governo terá de fazer novos cortes

Por 15 de janeiro de 2018Jornal da Gazeta

O IBC Br nem sempre bate com o PIB oficial. Mas vários indicadores apontam para uma retomada mais consistente, que deve ganhar força neste ano. Os analistas de mercado, segundo o relatório Focus, também do Banco Central, prevêem expansão da economia de 2,7% este ano e de 2,8% em 2019. Só que, por mais que esteja reagindo, deixando a recessão pra trás, a tendência em prazo mais longo depende muito do compromisso do governo com a reorganização das finanças. O Brasil já foi até rebaixado, de novo, na avaliação de risco, por não ter avançado muito no ajuste das contas públicas Sem esse ajuste, sem recuperar a capacidade de gerar saldos positivos, o governo não consegue barrar o aumento da dívida pública e pode chegar a uma situação em que não tenha como bancar as despesas, dentro dos parâmetros legais. Os investimentos despencaram, houve contingenciamento de gastos nas várias áreas e, mesmo assim, as contas continuam pra lá de deficitárias. No ano passado, a recuperação, modesta, da arrecadação e esses cortes, garantiram até uma certa folga no cumprimento da meta. Mas este ano já começa com a necessidade de novos cortes, principalmente, pelo risco de não conseguir levar adiante, até por decisões da Justiça, medidas como a tributação dos fundos especiais, que daria uns 6 bilhões de reais; o adiamento do reajuste do funcionalismo, que representaria cerca de 4,4 bilhões; além da privatização da Eletrobrás, com receita prevista em mais de 12 bilhões. E são todas medidas de curto prazo, para acertar as contas neste ano. O ajuste estrutural passa pela Reforma da Previdência. Sendo que, além do crescimento, o quadro fiscal pode comprometer as projeções de inflação abaixo da meta – o mercado conta com o IPCA em 3,95% este ano e 4,2% em 2019 – e até a política de juros. Num ambiente ainda incerto do ponto de vista político e econômico, o mercado, que espera que a taxa básica, hoje em 7% ao ano, caia agora no começo do ano para 6,75%, prevê a possibilidade de voltar a subir, no ano que vem, indo a 8% ao ano. Seria até baixa para o histórico do País, mas isso revela o quanto estamos na dependência da escolha de um novo presidente que não saia muito da atual agenda. Por mais que haja cansaço em relação à classe política, o novo, com propostas muito diferentes, pode fazer o País retroceder, em vez de avançar, na reversão da crise. Boa noite.

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