Denise Campos de Toledo/Futuro da Previdência preocupa

Por 9 de novembro de 2017Jornal da Gazeta

Começou a corrida contra o tempo. O governo, com o aparente apoio dos presidente da Câmara e do Senado, que vamos conferir na prática, quer aprovar a reforma da Previdência até dezembro, antes do recesso parlamentar. Isso, porque sabe que no ano que vem pode ficar bem mais difícil, com as eleições. Mas agora também não vai ser fácil. Como emenda constitucional, o governo precisa garantir 308 votos na Câmara. A contagem de bastidores aponta uns 60 votos a menos. E depois precisa dos três quintos do Senado. Portanto, mesmo que seja uma mini reforma, como estão dizendo, vai exigir muita capacidade de articulação política e convencimento. É ver se toda a munição não foi gasta com a defesa de Temer nas duas votações das denúncias apresentadas pela Procuradoria. Agora, as medidas são ambiciosas do ponto de vista desse apoio que o governo espera ter, até da sociedade. Em princípio, a nova proposta mantém a idade mínima aposentadoria de 65 anos para os homens e 62 para mulheres, com um período de transição, pra aplicação gradual dessa mudança, mantendo o tempo mínimo de contribuição em 15 anos, não aumentando para 25 como pretendia a equipe econômica. Também devem abrir mão de mudanças na aposentadoria rural e dos benefícios de prestação continuada. Pra conseguir o tal apoio da sociedade, deve haver uma equiparação das aposentadorias dos servidores públicos, com regras iguais. A nova proposta está sendo finalizada, mas não houve desistência como se imaginou. O próprio presidente Temer, no começo da semana, deu a impressão de que estava jogando a toalha. Diante da repercussão muito ruim do mercado, com queda da Bolsa e alta do dólar, que refletiu uma preocupação maior dos agentes econômicos quanto aos rumos das contas públicas, foi retomado o esforço pra levar adiante a reforma. Por mais que se questione a gestão das contas públicas, as ineficiências, a corrupção, os gastos com a Previdência representam cerca de 13% do PIB e, podem, em poucos anos, chegar a uma situação insustentável. Como política é muito caixinha de surpresas e jogo de forças e interesses, vamos aguardar. Sem esquecer que a reforma trabalhista, que parecia bem improvável, entra em vigor, agora, no sábado. Tudo bem que exigia apenas maioria simples e foi votada num momento de maior força do governo, mas também envolveu muita articulação. Eu volto na segunda. Até lá.

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