Denise Campos de Toledo/Entramos num ciclo melhor

Por 2 de outubro de 2017Jornal da Gazeta

Não é apenas o mercado financeiro que está mais confiante quanto ao andamento da economia, como mostram as projeções do relatório Focus, do Banco Central. Os índices de confiança dos empresários também têm tido uma melhora importante, assim como dos consumidores. O fato é que a economia vai deixando pra trás os números mais negativos, a recessão, e começa a consolidar um ciclo mais firme de retomada do crescimento, com reação da atividade nos vários setores, mais consumo, oferta de emprego, inflação baixa e juros em queda. Claro que não se trata de uma retomada vigorosa. O crescimento segue bem abaixo do potencial do País. Ainda há grandes questões em aberto, como o ajuste das contas públicas. Mas entramos num ciclo efetivamente melhor. Até as concessões na área de infraestrutura, que andavam emperradas, começam a avançar. Por outro lado, a balança comercial mantém saldos recordes, como o superávit de 5,1 bilhões de dólares em setembro e de mais de 53 bilhões no acumulado do ano, o que demonstra maior competitividade da produção local. São dados que reforçam as perspectivas melhores para economia, carente de investimentos, que podem aumentar, com as concessões e privatizações, e de janelas para uma expansão mais firme da atividade, como acontece com as exportações. Ainda que tenhamos um longo caminho pela frente, não podemos deixar de ressaltar o quanto que esses avanços da economia demonstram um descolamento do cenário político. Essa talvez seja a melhor sinalização do processo de retomada. A economia tem produzido números mais favoráveis mesmo com todas as incertezas geradas pelas investigações, delações, ações judiciais. Incertezas que envolvem o núcleo do governo e até o presidente e, em alguma medida, atrapalham a reestruturação econômica. Já não se pode contar, por exemplo, com uma reforma, de fato, da Previdência. No máximo, se pode esperar pela aprovação de medidas que dêem uma freada no aumento do déficit do sistema. Mas até isso os agentes econômicos estão conseguindo superar. Já não há um abalo maior da confiança em função da frustração de algumas expectativas. O possível está acontecendo, o que já deve trazer alívio importante para a situação financeira das pessoas e empresas. Eu volto na quarta. Até lá.