Denise Campos de Toledo/Corrupção nos fundos de pensão

Por 5 de outubro de 2017Jornal da Gazeta

O Postalis, dos Correios, é só um braço da teia de incompetência e corrupção que tomou conta dos fundos de pensão das estatais, como aconteceu com boa parte das próprias estatais. Foram investimentos mal feitos, compra de ativos superfaturados, que garantiam o repasse de recursos para políticos e empresários, em operações casadas com outros esquemas de desvio de recursos. Vários desses fundos de estatais são alvos das operações da Polícia Federal e de ações judiciais. O rombo acumulado nos fundos fechados de previdência complementar, incluindo também os do setor privado, segundo o último levantamento, chegou a 77 bilhões e 600 milhões de reais no mês de junho. A maior parte desse déficit é proveniente do setor público, de fundos como o Postalis dos Correios, o Previ do Banco do Brasil, o Petros, da Petrobrás, o Funcef, da Caixa Federal. Um rombo que custa caro para as empresas e bancos patrocinadores, que estão tendo de fazer aportes maiores de recursos em meio a uma reestruturação financeira pesada, pós crise econômica, com corte de investimentos, venda de ativos, programas de demissão voluntária. Programas que podem acabar onerando mais os fundos, ao aumentar os saques e reduzir as contribuições. Aliás, a idade mínima para o acesso aos benefícios também está aumentando nesse processo de reestruturação. Enfim, sobram perdas para todos. Os participantes dos fundos, tanto trabalhadores da ativa como aposentados, estão tendo de ajudar a cobrir os déficits, através de contribuições extras, alíquotas maiores, em alguns casos bem expressivas, com exceção do Previ, que equacionou o rombo de outra maneira. Mas, apesar do comprometimento com a reestruturação e mudanças de gestão, irregularidades ainda estão sendo registradas, como as que levaram à intervenção no Postalis. Agora, é importante que o sistema se recomponha, do ponto de vista financeiro e de governança, pra que os fundos cumpram o papel deles que é garantir uma renda complementar para os trabalhadores, dando maior segurança na aposentadoria. É pra isso que existem. E a imagem de toda a indústria de fundos pode acabar arranhada diante de casos como esse. Eu volto na segunda. Até lá.

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