A Aneel estuda a mudança no cálculo das bandeiras de energia, que ficariam mais caras, e na forma como são aplicadas. É quase certo que a bandeira vermelha nível 2 continue em novembro, mantendo as contas de luz mais caras. com acréscimo de R$ 3,50 a cada 100 quilowatts consumidos. Só que isso não está compensando o uso das termelétricas, que tem um custo bem mais alto. Elas são acionadas diante da escassez de chuvas e a baixa de reservatórios, que compromete o fornecimento das hidrelétricas. Ainda que haja cobrança extra até final do ano, os custos não devem ser cobertos e há uma preocupação com o equilíbrio financeiro do sistema. Já houve tempo em que se acreditou que seria possível manter tarifas mais baixas de energia na base da canetada. Foi o que aconteceu em 2012. As tarifas foram cortadas, desestruturando todo o sistema, e, depois, pra tentar corrigir as distorções, veio o tarifaço, com reajuste médio de 60% em apenas um ano. Mesmo que, agora, se tenha justificativa pra mais aumento, fica evidente a fragilidade da matriz energética do País. É preciso ampliar investimentos pra evitar o aumento de tarifas para as famílias e empresas e para maior segurança. Isso tudo está acontecendo num período de atividade ainda fraca da economia. Um crescimento mais acelerado pode provocar novos apagões, como tantos que vimos no passado. O governo tem buscado ampliar o uso de energia limpa, como a aeólica, do vento; acelerar as concessões na área de energia, mas é uma corrida contra o tempo. E vale observar que o ajuste financeiro não ocorre apenas na área energética. Estamos tendo de encarar aumentos frequentes dos combustíveis e do gás, porque a Petrobrás tem uma nova política, que acompanha os custos. A empresa deixou de ser instrumento de controle da inflação, o que é positivo do ponto de vista empresarial, faz parte da reestruturação, mas tem um impacto para os consumidores, quando os custos sobem. A água também está subindo em vários Estados. Enfim, os preços administrados, segundo projeções dos analistas de mercado, devem avançar, em média, 6,82% este ano, contra a inflação prevista em 3,06%. É mais que o dobro. Não vai atrapalhar os índices, porque a inflação continua rodando num nível baixo. Outros preços, como alimentos, ainda em deflação, compensam. Agora, para os consumidores, a conta fica mais alta. Volto na quinta. Até lá.