Denise Campos de Toledo/Teto dos gastos desafiará próximo governo

Por 28 de março de 2018Jornal da Gazeta

Apesar de negativo, o saldo de fevereiro confirma a melhora das finanças públicas. Em parte, pelo reforço de arrecadação que vem do crescimento maior da economia. Ainda tem as receitas extraordinárias, como o Refis. A expectativa é que o governo cumpra a meta, de um déficit de 159 bilhões de reais, até com alguma folga. Mas ainda vai ser um rombo imenso, que só não será maior por fatores específicos. Se conta também, por exemplo, com o repasse de 130 bilhões do BNDES. Não está havendo uma mudança mais estrutural. Na semana passada, mesmo, foi anunciada mais uma contenção de gastos pra garantir uma parte do dinheiro necessário para a intervenção no Rio de Janeiro. Tem mais: além de cumprir a meta, o governo tem de respeitar o teto dos gastos, que impõe como limite de expansão a inflação do ano anterior. Neste ano dá uns 3%. Essa, aliás, vai uma das grandes dificuldades para o próximo governo, que de início terá de anunciar um programa confiável de ajuste das finanças, até pra gerar maior confiança, evitando reações mais negativas do mercado, de potenciais investidores. Fora essa questão da confiança terá de manter as contas dentro do limite legal. Nesse sentido vale lembrar que o rombo da Previdência tem avançado num ritmo cerca de 6% acima da inflação. Pra compensar, sem descumprir o que está previsto em lei, outras despesas terão de ser cortadas. Por isso que se fala tanto na necessidade de reforma da Previdência. Ou, então, o teto de aumento dos gastos terá de ser flexibilizado, com aprovação do Congresso, o que não evitaria a repercussão negativa do ponto de vista da credibilidade, do andamento da economia. Não tem jeito: por mais que os indicadores de atividade estejam melhorando, a economia e governo, seja quem for o eleito, terá essa barreira pela frente. Boa noite.