A taxação de 25% sobre o aço importado pelos Estados Unidos acabou ganhando relevância no Fórum Econômico, não só por estar sendo realizado em um dos países mais atingidos, que é o Brasil, mas por desdobramentos para o comércio global. O Brasil é segundo maior exportador de aço para os Estados Unidos. O primeiro é o Canadá, que ficou fora da medida, entre as exceções, assim como o Mexico, por fazerem parte do Nafta, o Acordo de Livre Comércio da América do Norte. Por enquanto, o Brasil aposta mais na negociação bilateral, como destacou o presidente Temer, contando com o apoio de indústrias americanas, consumidoras do aço brasileiro. Elas podem, até, contestar junto ao Departamento de Comércio dos Estados Unidos. Ao contrário do que Trump tenta garantir, o protecionismo pode ter consequências negativas para o próprio setor siderúgico do país, que processa produtos semiacabados vendidos pelo Brasil. Se a negociação não der certo, podem ser impostas restrições a produtos e serviços dos Estados Unidos. Tivemos recentemente, por exemplo, a aprovação do acordo que retira o limite de vôos entre os dois países. E o Brasil pode recorrer à OMC, a Organização Mundial do Comércio. Uma atitude válida, mas que costuma ter processos bem demorados e Trump demonstra pouca preocupação com organismos internacionais. Outros países podem sair na frente, como os da União Européia, com uma queixa formal ou retaliações, que podem sobrar para o Brasil se houver uma taxação mais geral contra determinados produtos. É por isso que se fala em perdas para todos, se essa medida não for amenizada. Por tratados internacionais a taxação deveria ficar entre zero e 4,5%, longe dos 25%. Num momento em que se vê um redirecionamento político de vários países, que passa por uma revisão da abertura comercial, de acordos, como aconteceu com o Brexit na Inglaterra, é importante pensar nos efeitos colaterais que isso pode produzir. Boa noite