Olhando o ranking das aplicações em julho a impressão que se tem é de um momento muito favorável do País, com bolsa em alta, dólar e juros em queda. Não prática sabemos que não é bem assim. Ainda há muitas dúvidas no cenário político e, a economia, mesmo com dados mais favoráveis, ainda tem números bem preocupantes, como o rombo das contas públicas e a própria dificuldade de um crescimento mais vigoroso. Mas o mercado tem optado por uma leitura mais otimista. Mesmo com a crise política, Temer deve continuar. Se não continuar, a equipe econômica fica, mantendo a agenda. Tanto que, em meio às turbulências, a reforma trabalhista avançou. Agora, não dá pra apostar nessa calmaria. O próprio mercado projeta o dólar na faixa dos R$3,30 no final do ano. As incertezas, até tendo em vista as eleições de 2018, em algum momento podem pesar. Sendo que o mercado também está atento ao encaminhamento da reforma previdenciária. Um fracasso pode trazer instabilidade. Já em relação às aplicações atreladas aos juros, as projeções são mais consistentes. O rendimento está caindo em termos nominais, só que o ganho real continua alto, porque a inflação está em queda. E nesse contexto, a caderneta, pela fórmula de cálculo do rendimento e por não ter qualquer taxa ou tributação, ganha competitividade. Processo que deve continuar, já que a expectativa é de mais cortes dos juros básicos. Só que se a taxa básica chegar a 8,5%, o que, provavelmente, vai acontecer em setembro, a caderneta passará a render 70% da Selic, dessa taxa, justamente pra não levar vantagem demais sobre as outras aplicações. De qualquer modo, os juros no Brasil seguem muito acima da média internacional e tem essa questão da inflação em baixa. Em julho, o IPCA 15, prévia da inflação oficial, teve deflação, queda, de 0,18%. Só como referência, a caderneta fechou o mês com ganho de 0,56%. Um título do Tesouro que rende juros além da inflação, ainda oferece ganhos de 4 a 5% acima do IPCA. Ganhos ainda bem elevados.