Os juros, na média, estão em queda há quatro meses, mas nada que seja muito perceptível para consumidores e empresas. O crédito, no geral, continua caro e restritivo e ainda se vê, até, ajustes pra cima, como aconteceu com o rotativo do cartão, em junho. E olha que as regras do cartão foram alteradas, justamente, pra provocar uma queda mais acentuada das taxas. O consumidor agora só pode usar o rotativo por um mês. Depois ou quita a dívida ou entra no parcelamento, com a taxa média em 157,8% ao ano. Muito alta, assim como a do cheque especial, em mais de 322%. Ainda é a velha desculpa do risco de inadimplência. Claro que o risco existe. O desemprego elevado e a fraqueza da economia podem dificultar o pagamento de dívidas. Mas não há uma situação alarmante. A inadimplência até caiu no último mês, segundo o levantamento do Banco Central. De qualquer modo, ainda que lentamente, a tendência é de as taxas continuarem caindo até porque o BC sinalizou a intenção de manter o mesmo ritmo de corte dos juros básicos, pelo menos, na próxima reunião, quando a selic poderá cair de 9,25 para 8,25% ao ano. Aliás, foi uma boa surpresa do comunicado que veio junto com o anúncio da nova taxa. Se cogitava uma cautela maior do BC na redução dos juros, não só pelas incertezas políticas, que agora parecem não amedrontar mais, como pela incertezas em relação ao quadro fiscal. O desequilíbrio das contas públicas acendeu a luz amarela. Mesmo com a tributação sobre os combustíveis, o governo pode não atingir a meta do ano, que é de um déficit de 139 bilhões de reais. Ainda há risco de mais aumento de imposto ou até de uma mudança, pra pior, da meta. E o desequilíbrio das contas é uma fator que pode afetar a inflação, fora outros efeitos negativos para a economia. Mas com a desinflação garantida pela fraqueza da atividade, o Banco Central pode aproveitar pra derrubar mais os juros e tentar dar um gás no processo de retomada. Retomada que até ajudaria as contas, na medida em que pode assegurar maior geração de impostos.