
A expectativa maior em relação ao Copom não é o tamanho do corte dos juros, que deve mesmo ser de 0,25, com a selic caindo para 6,75%. A dúvida é quanto aos futuros passos da política de juros. Pela inflação atual dá até pra contar com mais um corte de 0,25 e taxa básica em 6,5% ao ano. Só que a atual direção do BC, desde o começo, tem chamado muita atenção para a necessidade de ajuste das contas públicas. Ajuste que depende bastante da Reforma da Previdência. E Reforma que parece cada vez mais improvável. O governo tem feito de tudo, até negociações pouco éticas, como a insistência no nome de Cristiane Brasil para o Ministério do Trabalho, para garantir os votos que precisa. Até ministros fora do núcleo econômico saíram a campo, com vídeos na internet, defendendo a reforma. Mas as perspectivas não são boas. Consequentemente, aumentam as incertezas em relação ao quadro fiscal. Há todo um esforço também pra cumprir da meta deste ano, que é um déficit de R$ 159 bilhões. Na semana passada já foi até anunciado um contingenciamento de mais de R$ 16 bilhões no orçamento. Mas só cumprir a meta, e isso ainda vai depender de receitas extraordinárias, como a privatização da Eletrobrás, não garante o ajuste das finanças, o que pode levar o Banco Central a parar de cortar os juros. Mais do que isso: dependendo do comportamento futuro de mercado, especialmente do dólar, e as consequências que possa ter sobre a inflação, é possível que os juros voltem a subir. Sendo que as novas políticas de preços administrados, com altas sucessivas dos combustíveis, repasses de rombos do sistema de energia para as tarifas, também podem gerar mais pressões inflacionárias. Então, o comunicado que será divulgado junto com a nova taxa básica é que será analisado com muita atenção. Detalhe: tudo isso se refere às expectativas para este ano. Pra 2019, com novo governo e nova direção do Banco Central, supondo que mantenha o foco no controle da inflação, o mercado já prevê que a taxa básica volte mesmo a subir, chegando a 8%. É que, mesmo com incertezas em relação ao ajuste fiscal, a previsão é de um crescimento maior da economia, que pode dar margem para remarcações de preços, num ano em que a meta de inflação será mais baixa. A meta vai passar de 4,5 para 4,25%. Por enquanto, os analistas do mercado prevêem a inflação em 4,25% no ano que vem. Mas ainda há um longo caminho até lá e com uma agenda bem complicada. Boa noite.