
A semana começou com indicadores bem positivos para a economia brasileira. Teve esse crescimento da arrecadação, que é um termometro da própria retomada do crescimento. Mesmo sem receitas extraordinárias, como o parcelamento do Refis, a arrecadação está avançando mais que a inflação. Também se percebe a retomada na composição das contas externas, que tiveram um déficit de 4 bilhões e 310 milhões de dólares em janeiro, o menor para o mês desde 2014. Nesse caso, a retomada se revela, por exemplo, no crescimento de quase 27% nos gastos de brasileiros no exterior sobre janeiro do ano passado, no aumento das exportações e do saldo comercial, que chegou a quase 2 bilhões e 400 milhões de dólares, e na atração de investimentos estrangeiros, que superaram muito as previsões, demonstrando que, mesmo com todas as incertezas em relação ao quadro fiscal e as eleições, ainda se aposta muito nas oportunidades e no potencial do País. Até o relatório Focus, também divulgado hoje pelo Banco Central, veio no embalo positivo, com aumento para 2,89% da projeção de expansão da economia este ano. Sendo que o governo já prevê 3%. Agora, é importante observar que estamos falando de melhora sobre uma base ainda fraca, com todos os reflexos da fase recessiva. O País está longe de recuperar tudo que perdeu. Pra esse crescimento ter sustentação em prazo mais longo, não ser mais um vôo de galinha, como se diz, é preciso promover mudanças estruturais nas finanças públicas, que passam, por exemplo, pela Reforma da Previdência. Não dá pra esquecer esse tema. Não é esse aumento de arrecadação que estamos vendo que vai colocar as finanças em ordem e fazer o Brasil voltar a recuperar o selo de bom pagador. E as limitações vão além disso. Há necessidade também de um aumento forte dos investimentos em infraestrutura, na produtividade das empresas, com mais geração de emprego. O Brasil está só no começo da virada do cenário de crise. Respira melhor, mas ainda não está preparado para grandes vôos. Boa noite.