O governo está aumentando a tributação sobre os combustíveis num momento em que isso não deve afetar muito o comportamento da inflação. A gasolina, que tem peso de 5% no cálculo do IPCA, vem em queda há várias semanas. Com o impacto da nova alíquota do PIS/Cofins pode provocar um aumento de até 0,5 ponto no índice. É bastante. Mas a projeção do IPCA para o fechamento deste ano estava em pouco mais de 3%. Portanto, não é isso que vai impedir a inflação de ficar abaixo do centro da meta, de 4,5%, ou comprometer a continuidade da redução dos juros básicos pelo Banco Central. Aliás, se a inflação anualizada ficar mais de 1 ponto e meio abaixo desse ponto central da meta, dos 4,5%, o Banco Central tem de apresentar explicações formais do porque de ter controlado demais. Assim como ocorre quando a inflação ultrapassa o limite de alta. O problema maior dessa história é o desequilíbrio das contas públicas. Pra garantir a meta deste ano, que é de um déficit enorme, de 139 bilhões de reais, o governo está tendo de aumentar a carga de impostos e cortar ainda mais as despesas. E não são as despesas com a cara estrutura da máquina pública. Ele tem cortado investimentos, o que compromete o potencial de retomada da atividade, e cortado as despesas, em geral, dos Ministérios e órgãos públicos, o que já prejudica até serviços essenciais, como aconteceu com a emissão de passaportes e as atividades da Polícia Rodoviária. Tudo bem que o baixo crescimento´da economia segurou a geração de impostos, que está bem abaixo do esperado, e o Congresso alterou projetos que poderiam gerar receitas extraordinárias, como a reoneração da folha e o Refis. Mas o governo ainda está devendo os prometidos cortes na carne. Agora mesmo houve uma ampliação pesada na liberação de verbas para parlamentares, para o presidente garantir apoio contra a denúncia apresentada pela Procuradoria. A conta, mais uma vez, vai para o contribuinte.