Vinicius Torres Freire/Incerteza eleitoral afeta economia

Por 4 de abril de 2018Jornal da Gazeta

O destino de Lula na Justiça vai fazer alguma diferença para a economia? Pode fazer, mas por motivos um tanto complicados.
Quanto mais tempo Lula continuar candidato, maior será a incerteza sobre o resultado da eleição. Lula vai ser candidato?
É muito difícil que isso aconteça. Sendo preso ou não, o ex-presidente foi condenado em segunda instância. Assim, virou ficha suja. Apenas uma revolução jurídica permitiria a sua candidatura.
Mas, enquanto Lula aparecer como líder das pesquisas, vai ficar mais difícil saber quantos votos têm os demais pré-candidatos ou já candidatos a presidente. Quer dizer, ninguém sabe muito bem para quem irão os votos dos eleitores do petista, quando ele sair da disputa.
Logo, fica mais difícil saber quem vai ganhar. E daí?
Pode ser então que ganhe um outro candidato que não agrade aos donos do dinheiro, aos investidores do mercado financeiro, aos credores do governo, e aos empresários. Goste-se ou não do chamado “mercado”, isso tem influência real.
Se fica aberta a possibilidade de vitória de um candidato que desagrade ao mercado, algumas coisas acontecem. Primeiro, é possível que o dólar suba e também as taxas de juros.
Segundo, com esse aumento de incerteza e de problemas na economia, pode ser que as empresas suspendam investimentos e novas contratações.
Terceiro, com essa incerteza geral, pode ser que muito consumidor deixe de gastar, com medo do futuro.
Isso não quer dizer necessariamente que o mercado está certo ou errado. Quer dizer apenas que, com o aumento da incerteza sobre a eleição, o mau humor na economia deve aumentar. Quanto mau humor? Pode ser uma coisa passageira, tudo depende dos programas dos candidatos.
Isso tudo é apenas uma hipótese. Um outro candidato pode começar a subir nas pesquisas logo. Pode ser que, mesmo Lula desistindo em breve, apareça um petista bom de voto. Tudo isso é muito especulativo. Mas, quanto maior a incerteza na eleição e quanto maior a chance de vitória de um candidato que confronte o mercado, maior a chance de haver alguma perturbação. Mas, provavelmente até julho, não vamos saber grande coisa.

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