Denise Campos de Toledo/Mercado aposta que próximo presidente fará a reforma da previdência

Por 20 de fevereiro de 2018Jornal da Gazeta

O IBC BR veio, mais ou menos, de acordo com a estimativa do mercado de uma expansão da economia em torno de 1% em 2017. Sendo que as projeções são de retomada mais firme neste e no próximo. De acordo com o relatório Focus, também divulgado hoje pelo BC, a previsão é de um avanço do PIB de 2,8% agora em 2018 e de 3% no ano que vem. Esse otimismo está muito relacionado à certeza de que o futuro presidente, seja quem for, retome as discussões para a reforma da Previdência e um ajuste mais estrutural das finanças públicas. Qualquer indicação contrária pode reverter esse otimismo, que também tem relação com o cenário externo. Há uma preocupação global, que até já levou a ajustes das bolsas de valores e do dólar, com possibilidade de altas mais pesadas dos juros nos Estados Unidos, que desviem recursos para títulos americanos. A economia dos Estados Unidos está crescendo, com um nível de emprego que já começa a provocar pressões inflacionárias, que podem ser controladas com juros mais altos. É o remédio tradicional. Agora, voltando às condições domésticas, o IBC BR confirmou a aceleração da atividade no último trimestre, que deve ganhar impulso, inclusive, com dados melhores de emprego e investimentos – dois pontos em que a economia continua ruim. Só que as contas públicas também continuam muito ruins e o engavetamento da reforma da Previdência faz com que se volte trabalhar com um cenário de maior incerteza. A expectativa de uma mudança mais séria fica para o próximo governo, por mais que o atual ainda fale em alguma brecha pra votar a proposta no Congresso. Mas seria inconstitucional. Não dá pra votar emenda constitucional com uma intervenção em andamento. E o governo não teria mesmo os votos necessários. A intervenção, ainda que seja necessária, acaba sendo uma boa justificativa para deixar de lado o discurso reformista. Agora, não dá pra deixar de lado o compromisso com o ajuste das contas. O governo terá de manter todo o esforço no sentido de reduzir gastos, aumentar receita e, no mínimo, cumprir a meta fiscal deste ano, sem desconsiderar o fato de que a intervenção, pra ter algum sucesso, vai demandar mais recursos, até com a criação, questionável, de um novo Ministério. Se o governo conseguir lidar bem com tudo isso, do ponto de vista financeiro, a economia pode seguir em recuperação, sem solavancos. Mas só quando houver um ajuste mais estrutural das finanças é que vai voltar a crescer de forma sustentável. Boa noite.

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