
Essa balançada feia nos mercados financeiros do mundo e do Brasil vai criar problema por aqui?
Pelo jeito, não. Mesmo o Banco Central do Brasil não ligou quase nada para a queda das Bolsas e alta de juros lá fora. Como a gente acabou de ver, a direção do Banco Central baixou mais um tiquinho os juros básicos da economia, prova de que não vê risco nos próximos meses.
Essa é a taxa de juros do atacadão da economia, para quem empresta dinheiro a curto prazo para o governo, ou a taxa que influencia os negócios entre bancos e, por tabela, acabar por influenciar a taxa que os bancos nos cobram.
No comunicado em que explicou sua decisão, o Banco Central apenas mencionou de passagem o tumulto desses dias.
No entanto, esse tumulto é um sintoma. Do quê? De que as coisas podem mudar nos Estados Unidos. Como a economia deles está aquecida, há quem ache que vai enfim haver alguma inflação por lá. Se tem inflação, os juros sobem.
Se os juros sobem lá, um pouco de dinheiro sai do Brasil. O dólar fica mais caro aqui e os juros podem subir um pouquinho.
Como a economia americana vive com juro zero faz uma década, é possível que a mudança para juros maiores provoque acidentes ou mesmo crises financeiras, ninguém sabe muito direito onde.
Desde sexta-feira, a suspeita de que os juros podem subir mais rápido nos Estados Unidos derrubou as Bolsas. Como havia umas aplicações financeiras malucas, que apostam na calma eterna do mercado, teve gente que perdeu muito dinheiro.
Ao que parece, esse tumulto vai passar. Mas está para acabar a era do dinheiro muito barato, dos juros quase zero no mundo rico. Isso vai ter algum efeito aqui, mais adiante: juros maiores, dólar mais caro. Vai ter mais efeito se as finanças do governo estiverem quebradas como estão agora. Ninguém gosta de emprestar dinheiro para devedor com as finanças em desordem. Como o dinheiro está sobrando no mundo, barato, muito vem pra cá. Quando ficar mais caro, quando os juros subirem, a história vai ser diferente. É bom consertar o telhado da casa enquanto não vem a temporada de chuvas.