
Em 2017 a taxa básica de juros atingiu o menor nível da história, chegando a 7% ao ano, o que teve repercussão nos juros do varejo. As taxas cobradas de consumidores e empresas caíram. Mas parece que temos apenas juros menos altos. O cartão, com a mudança de regra, que não permite o uso do rotativo por mais de um mês, teve o maior corte – na média, 163 pontos. Só que a taxa média ainda ficou em 334,6% ao ano. Não há o que justifique juros tão altos assim. A inadimplência, uma das grandes desculpas pra manutenção de taxas elevadas, até caiu em relação ao ano anterior. A taxa básica, como eu disse, chegou ao menor patamar histórico, com possibilidade de mais um ou dois cortes neste começo de ano. O mercado já prevê a selic em 6,75 ou 6,5%. A inflação ficou abaixo dos 3%. Outros fatores, talvez, expliquem mais essa resistência em um corte maior dos juros, como o compulsório, que é o dinheiro que os bancos têm de deixar parado no Banco Central, a tributação e a baixa concorrência no sistema bancário brasileiro. A forte concentração do mercado em poucas instituições. Neste ano, a previsão é de mais quedas, até porque o Banco Central continua estudando medidas pra induzir esse processo, como o uso maior do cadastro positivo, pra que bons pagadores paguem menos, pensa em limitar o prazo de uso do cheque especial, como fez com o cartão, cobra dos bancos maior empenho na redução dos juros. Só que aí podem vir opções não muito favoráveis para os consumidores. Os bancos cogitam, por exemplo, acabar com o parcelamento sem juros. Mesmo que esses financiamentos tenham juros embutidos, o acréscimo, certamente, vai sair bem mais caro. Claro, que temos linhas com juros bem menores que os do cartão e do cheque especial, como o consignado, o financiamento de veículos e mesmo o empréstimo pessoal.. Tanto que o consumo a prazo também voltou a crescer e tem muita gente trocando dívida mais cara por mais barata. Mas os juros elevados ainda são uma das jaboticabas brasileiras, mantidos, cronicamente, em nível muito acima da média internacional. Boa noite.