João Batista Natali/Na Venezuela, ditadura faz mágicas

Por 26 de janeiro de 2018Jornal da Gazeta

A Venezuela é incapaz de gerar uma informação com cheiro de democracia. A última novidade veio do órgão eleitoral, que obedece às orientações da ditadura. Ele decidiu que a oposição, se ela lançar candidatos às eleições presidenciais que devem acontecer até o final de abril, não poderá usar a sigla MUD. Que significa Mesa da Unidade Democrática. A MUD liderou, no ano passado, a revolta urbana de três meses contra o regime. Teve a maioria dos votos para governadores e prefeitos. Mas os bolivarianos impediram que os candidatos dela fossem eleitos. É um jogo de cartas marcadas, que também deverá prevalecer na chamada eleição presidencial. O ditador Nicolas Maduro vai se reeleger. É da natureza do autoritarismo que ele comanda. Os Estados Unidos já anunciaram que não reconhecerão os resultados dessa pseudo-eleição. É uma posição bem parecida ao do Grupo de Lima, que é um conjunto de 12 países latino-americanos, entre eles o Brasil. No fundo, esse grupo procura evitar uma guerra civil. E ainda nos Estados Unidos, dois senadores, um republicano e outro democrata, pediram para que Donald Trump convoque o Conselho de Segurança da ONU para discutir o colapso político e humanitário da Venezuela. E com uma agravante. Os dois senadores também acusam Nicolas Maduro de acobertar os interesses do narcotráfico no continente. E vocês querem mais? Pois aqui vai. Hoje, em Genebra, a Unicef, que é a agência da ONU para a infância, denunciou claros sinais de desnutrição em massa entre as crianças venezuelanas. A ditadura de Caracas não publica estatísticas. É difícil quantificar a fome. Não se sabe quantas crianças morrem nos hospitais por falta de remédios, ou sofrem de moléstias provocadas por uma alimentação insuficiente. É por isso que Nicolas Maduro é reprovado por quase 80% dos venezuelanos. Mesmo assim, ele com certeza será reeleito. São mágicas de uma ditadura. É assim que o mundo gira. Boa noite.

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