O mercado financeiro viveu um dia de euforia ontem pela perspectiva de o ex presidente Lula ficar fora da disputa eleitoral. Mais que o combate à corrupção, o que pesa mesmo é o discurso recente dele, contrário as reformas e privatizações. A interrupção da atual agenda poderia levar à reversão de resultados que vêm sendo obtidos no controle da inflação, corte dos juros, aumento de investimentos e, principalmente, na tentativa de ajuste das contas públicas. Ajuste que deve fazer o governo recuperar a capacidade de gerar superávits e barrar o aumento da dívida pública, que bateu recorde em 2017. Foi um dos pontos ressaltados pelo FMI, no novo relatório sobre as expectativas de crescimento do País. divulgado hoje. O Fundo descarta uma possível aceleração do PIB para algo perto de 3% este ano, como cogita o mercado, em boa parte pelas incertezas do quadro eleitoral. O relatório não considera o resultado do julgamento do TRF4. Mas, como o ex presidente relançou a candidatura dele, ficam mantidas as incertezas, até institucionais, relacionadas às eleições. Assim como as preocupações com a agenda econômica.Temer avançou com medidas de ajuste das contas, como a PEC dos gastos, o programa de privatizações, só que continua com rombos pesadíssimos e muita dificuldade pra conseguir aprovar a reforma da Previdência. Mesmo que a reforma não garanta o reequilíbrio das finanças, é imprescindível pra que se possa contar com uma evolução menos deficitária. Sem a reforma, a responsabilidade de quem sair vitorioso das urnas vai ser muito maior. Se Temer não garantir resultados melhores vai criar um ambiente de maior apreensão em torno das eleições. Não tanto do ponto de vista da sociedade que, em geral, ainda tende a acreditar em soluções meio fáceis pra se colocar a casa em ordem, mas do ponto de vista dos empresários, do mercado, de investidores, que podem ficar mais cautelosos, adiando decisões, e, como consequência, também um desempenho melhor da economia. Por mais que o mercado tenha comemorado a derrota de Lula e esteja surfando na onda internacional de liquidez e juros baixos, a sustentação da melhora vai depender muito da agenda econômica. E agenda que terá de ter continuidade no próximo governo. Boa noite.