
O governo está fazendo festinha porque a inflação foi miudinha no ano passado. Foi pequena mesmo, a menor em quase 20 anos. Mas a gente ouve muito por aí as pessoas reclamarem que as coisas ainda estão caras.
O governo não fez lá grande coisa para conter a inflação. Mas tem razão quem se queixa de que a vida está cara?
Para começar, vamos lembrar que a inflação é uma média de quase 500 preços medidos pelo IBGE, todos os meses. Aquele produto que tem mais peso no orçamento médio das pessoas, também tem mais peso no número da inflação.
Ainda assim, nessa média tem rato e elefante. O preço da comida que a gente compra no mercado caiu no ano passado, em média quase 5%. Mas o botijão de gás ficou 16% mais caro. O plano de saúde subiu quase isso. A escola das crianças, mais de 10%, quase tanto quanto a gasolina e o preço da água encanada.
É verdade que o preço da comida caiu muito nesse ano, por causa da safra boa, que não teve influência nenhuma deste governo. Mas, no ano passado, o preço da comida tinha subido mais de 10%, na média.
E nos últimos cinco anos? Na média, o preço da comida subiu quase tanto quanto os salários. Então, as pessoas têm certa razão de dizer que as coisas estão caras. Ou, então, não mudaram tanto assim nos últimos anos, apesar do refresco do ano passado.
O problema maior aí, no entanto, é que os salários não estão subindo mais do que a inflação. Isto é, não tem aumento de salário real desde 2012, na média. A economia foi parando e depois levou um tombo horrível, um dos piores da história.
Em resumo, as coisas estão caras porque os salários pararam de subir além da inflação, por causa da crise horrorosa.
A inflação de 2018 não vai ser tão baixa quanto a do ano passado. A safra de comida vai ser boa, mas nem tanto. A inflação de dezembro já mostrou que os preços vão subir um pouco mais. Não seria nada dramático, se os salários não estivessem tão parados.
Uma grande questão deste ano é saber se os salários enfim vão subir bem mais do que a inflação. Este é o nosso problema.