
Por que é que a decisão das duas Coreias é importante? Simplesmente porque elas jogam um balde de água fria numa região que provocava, há pelo menos um ano, as tensões internacionais mais complicadas. A Coreia do Norte e a Coreia do Sul estavam sem nenhum contato bilateral, desde o começo de 2016. O gelo começou a ser quebrado ontem, quando o ditador norte-coreano, Kim Jong-un, aceitou enviar uma delegação de atletas, no mês que vem, para as Olimpíadas de Inverno, que acontecem na Coreia do Sul. Eis que hoje, cinco dirigentes de cada lado se reúnem na zona desmilitarizada, que é a fronteira entre as duas Coreias. E divulgam um comunicado em que anunciam a retomada de negociações, para baixar as tensões militares entre os dois países. Não é uma reconciliação diplomática. Muito pelo contrário. As duas partes ainda não negociaram sequer um armistício, depois da guerra que selou a divisão do país, e que acabou em 1953. Naquele conflito morreram 900 mil militares e 2 milhões e meio de civis. O clima piorou a partir dos anos 90. A ditadura da Coreia do Norte tinha medo de desaparecer. Com o colapso do comunismo, não tinha mais uma aliança com a Rússia e com o Leste Europeu. E a China estava se industrializando, e caindo nos braços do neoliberalismo econômico. Foi por isso que o ditador Kim Jong-un construiu a bomba atômica.// e passou a fabricar mísseis, que um dia poderão atingir os estados unidos.// é um maluco irresponsável. Mas ele só deu certo, nessas maluquices, porque Donald Trump tem um perfil parecido com o dele. Trump não queria conversar com a Coreia do Norte, enquanto ela não abrisse mão do arsenal nuclear. Mas nos Estados Unidos, por debaixo do pano, diplomatas do departamento de estado davam as mãos à Rússia, para tentar domar a fera norte-coreana. E agora, sem pedir a autorização para os americanos, a Coreia do Sul procura, com muito cuidado, tirar um pouco de lenha daquela fogueira perigosa. É assim que o mundo gira. Boa noite.