Vinicius Torres Freire/A Boeing pode ajudar a Embraer

Por 22 de dezembro de 2017Jornal da Gazeta

A história da possível venda da Embraer para a Boeing causou um grande bafafá, até nas redes sociais. Por que tanta agitação? Principalmente depois da crise, muitas empresas brasileiras estão sendo vendidas para estrangeiras.

A Embraer é uma rara empresa brasileira bem-sucedida em tecnologia industrial avançada. É líder mundial no mercado de aviões médios de passageiros. É uma das maiores exportadoras brasileiras. Além do mais fabrica e vai fabricar ainda mais os aviões de guerra da Força Aérea Brasileira.

Mas, para começar, é uma empresa de donos brasileiros? A Embraer nem tem na verdade um dono. Mais de metade das ações da empresa está nas mãos de centenas de fundos de investimento estrangeiros. Mas nenhum deles é dono. Os acionistas votam para escolher a direção da empresa. Que no entanto fica no Brasil, com brasileiros.

Além do mais, o governo brasileiro tem poder de vetar certas mudanças na empresa. Até de proibir a venda. É assim porque a Embraer foi uma empresa estatal de 1969 até 1994, quando foi privatizada, quando estava quase falida. Mas, na privatização, o governo manteve esse poder de veto.

É interessante para a Embraer se associar à Boeing, uma empresa 30 a 40 vezes maior. A Embraer lidera o mercado de jatos médios, para voos regionais, mercado que está crescendo muito. Por isso, tem mais gente querendo entrar no negócio: chineses, japoneses, russos e mesmo a rival da Boeing, a europeia Airbus. Para ir bem nessa briga nova, a Embraer precisa ganhar força, tamanho, capital, mercado. A Boeing pode ajudar a Embraer a crescer mais.

Qual o problema possível? Em tese, é que uma empresa estrangeira controlaria uma firma brasileira que produz equipamento militar para o governo. Mas é possível um acordo entre Boeing e Embraer que preserve interesses nacionais.

Em suma, a depender do tipo de negócio, pode ser muito bom para a Embraer e para a economia brasileira uma associação com a Boeing. Tudo depende dos detalhes do negócio, dos quais ainda nada se sabe. Impedir a transação por mero nacionalismo não faz sentido nenhum.

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