2017 termina com um balanço muito favorável da inflação. Teve aumentos pesados, que estão até atrapalhando a vida dos consumidores e empresas, como gás, energia e gasolina. Planos médicos continuam subindo bem acima da inflação. Mas outros preços, com variações menores ou mesmo queda, compensaram. O que mais ajudou a segurar a inflação foram os alimentos, com recuo inédito no ano. Agora, além dessa força dada pelos alimentos, houve uma mudança na dinâmica de preços, em decorrência da crise econômica. Os empresários ainda não têm muita condição de aumentar os preços sem o risco de as vendas caírem. O desemprego continua muito alto. Mesmo com a inflação mais baixa este ano, boa parte da população ainda sente no bolso os efeitos da alta dos anos anteriores. Em 2015 a inflação passou de 10%. No ano passado, de 6%. O consumo até está reagindo, mas sem euforia. Tudo isso ajuda a segurar a inflação. Sem esquecer o dólar, que subiu bem menos que o esperado, e também tem uma boa influência. O Banco Central, segundo o Relatório Trimestral divulgado hoje, prevê a inflação oficial, o IPCA, ainda menor, fechando o ano em 2,8%. E espera variações abaixo do centro da meta, de 4,5%, em 2018 e 2019. Parece um horizonte muito longo em se tratando de Brasil, mas é a referência para o BC tomar decisões sobre os juros. E, pelo Relatório, há condições de novos cortes. A taxa básica pode cair até 6,75… 6,5%. Seria mais um reforço na retomada da atividade, na redução dos juros do crédito. O que pode atrapalhar são as dúvidas em relação ao ajuste das contas públicas, outro fator que pode afetar bastante a inflação, pela instabilidade que pode provocar no mercado, no dólar, por exemplo. O relatório cita várias vezes a Reforma da Previdência, que é o que mais ajudaria na reestruturação das finanças. Mas, mesmo sem a reforma, se as expectativas forem bem administradas, a inflação pode seguir sob controle, com mais cortes dos juros. Boa noite.