Os juros, na média, caíram bastante nos últimos meses. Mas falta muito pra chegaram a um nível razoável. A taxa básica está em 7% ao ano, o percentual mais baixo já registrado, com possibilidade de novas quedas em 2018, e a inflação deve fechar o ano, segundo as projeções do mercado, em 2,88%, abaixo do piso da meta, que é 3%. Portanto, mesmo levando em conta a taxa básica, inflação, impostos e custo de captação do dinheiro, as taxas do crédito têm muita gordura pra queimar. Dá pra entender um certo conservadorismo do mercado. Afinal, a economia está começando a deixar pra trás a fase de crise mais pesada. Tem o desemprego elevado, que ainda atinge mais de 12 milhões de brasileiros, fora outros milhões que vivem na informalidade ou trabalhando por conta própria, com renda incerta, sem maior segurança. Qualquer vacilo na retomada da economia e esses dados podem piorar de novo, comprometendo a capacidade de pagamento das dívidas. Sendo que a inadimplência permanece meio elevada. E há incertezas quanto ao próprio andamento da economia. O governo ainda não conseguiu executar um ajuste mais sério das finanças públicas. Continua com dificuldade pra aprovar a reforma da Previdência. 2018 vai ser um ano de eleições,que semrpe provocam alguma instabilidade. Então, assim como os empresários ficam cautelosos em relação aos investimentos, as instituições financeiras vão com cautela na redução dos juros. Mas é cautela exagerada. Não há o que justifique novas altas dos juros do cheque especial e do rotativo do cartão, como ocorreu nos últimos meses. Só se for pra empurrar mesmo os consumidores pra outras linhas. Inclusive porque nessas o crédito fica disponível antecipadamente e a pessoa pode usar mesmo quando já está em dificuldade, ampliando o risco de calote. Agora, a expectativa é que os juros continuem caindo, se confirmadas as projeções melhores para a economia e pelo efeito de medidas do governo pra reforçar esse movimento, como a execução mais rápida de garantias, a inclusão automática no cadastro positivo e a troca da TJLP pela TLP, uma taxa mais próxima da selic, nos financiamentos do BNDES, o que, em tese, pode levar a um maior equilíbrio dos juros de mercado. Vamos ver. Mas o fato é que as taxas do crédito, apesar de ainda elevadas, já estão estimulando a troca de dívidas mais caras por mais baratas e também o consumo, reforçando o ciclo de recuperação da economia. Boa noite.