Denise Campos de Toledo/Impasse sobre a Previdência preocupa

Por 7 de dezembro de 2017Jornal da Gazeta

Nem deu para o mercado comemorar a sinalização dada pelo Banco Central de que há possibilidade de novos cortes da taxa básica de juros no começo de 2018, o que daria mais estímulo à retomada do crescimento econômico. Os impasses em torno da reforma da Previdência reforçaram as preocupações quanto à evolução das contas públicas. E o mercado respondeu de imediato, com alta forte do dólar, que bateu nos R$ 3,30 durante o dia, queda da bolsa e até alta dos juros futuros. O mercado, na verdade, antecipa uma situação que pode ficar mais difícil para o andamento da economia. A reforma, da maneira como já foi desidratada, nem produziria resultados maiores de curto prazo, no ano que vem. Mas poderia estabelecer uma expectativa melhor a médio prazo, dando até algum fôlego para o próximo governo, que não teria de encarar esse desafio logo de início. Sem qualquer mudança na Previdência, que é o que se começa a projetar, as perspectivas ficam mais complicadas. As agências de classificação de risco já alertaram para possíveis novos rebaixamentos da avaliação do Brasil, o que pode afetar fluxo de investimentos. Os próprios empresários locais e de multinacionais, que estão abertamente defendendo a Reforma, pelo impacto que pode ter sobre as contas públicas, também podem segurar investimentos. Reações como a de hoje, do mercado, especialmente a alta do dólar, podem pesar na inflação, comprometendo não apenas a possibilidade mais cortes da taxa básica, mas, talvez, até a manutenção no atual nível, o mais baixo já registrado. Se muda o sinal em relação aos juros básicos, fica mais difícil ocorrer uma queda mais substancial das taxas cobradas de consumidores e empresas, que continuam altas demais.Não se trata de querer mudar as regras da Previdência por mudar, pra obter algum resultado político de curto prazo. Ao contrário, com a resistência que essa proposta enfrenta ela pode até ser desfavorável do ponto de vista de avaliação política e é um dos motivos da indefinição dos congressistas. A reforma é necessária para a reestruturação das finanças públicas, ponto fundamental para um crescimento sustentável da economia. Essa conversa pode ser retomada mais à frente. Mas vai ser difícil não haver algum impacto mais negativo em 2018, caso não haja qualquer avanço ainda este ano. Boa noite.

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