Bob Fernandes/Documentário: o suicídio de Reitor Cancellier e o ferir a lei em nome da lei

Por 27 de novembro de 2017Jornal da Gazeta

Estreou nas redes sociais o documentário “Em nome da Inocência: Justiça”.
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Documentário sobre o suicídio de Luiz Carlos Cancellier. Dirigido por Sergio Giron e Edike Carneiro.
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Reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, Cancellier se matou há dois meses.
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Depois de ser preso sem acusação formal, sem ser réu e sem ter sido ouvido pela justiça. Foi preso, posto nu, submetido à revista íntima. Solto foi proibido de entrar na Universidade.
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Prisão arbitrária. Sob suspeita de tentativa de obstruir uma investigação. De um caso de 10 anos antes da sua gestão.
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Nos dias da prisão, escândalo nacional: “Roubalheira”, “80 milhões”… Um pedaço de fato e muita mentira.
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A Operação da Polícia Federal se chamou “Ouvidos Moucos”. Ou seja: Ouvidos Surdos.
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Passados quase 60 dias, silêncio sobre a sequência de erros e sobre Cancellier. Nem um pio de agentes de Estado. E não foram poucos os chamados a operar.
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Da Polícia Federal, 105 policiais para prender Cancellier e mais seis. O documentário elenca os que, entendem os autores, teriam se envolvido em decisões…
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…O corregedor na Universidade, e “adversário político” de Cancellier, Rodolfo Hickel do Prado…
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…A delegada Erika Marena, ex-estrela na Operação Lava Jato, e a Juíza Janaína Machado.
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Nunca é demais lembrar: algo como 40% dos 620 mil presos do Brasil não têm culpa formada. Fosse Cancellier um pobre da periferia nem ouviríamos falar.
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Nessa tragédia, ilegalidades em nome do combate à corrupção. E segue se multiplicando o ferir a lei em nome da lei.
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Some-se a dribles na lei por parte de quem aplica a lei. No serviço público o teto salarial é o dos ministros do Supremo: R$ 33.763.
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Incontáveis reportagens Brasil afora: há juízes que, ao menos uma vez por ano, recebem mais de R$ 100 mil.
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Resultado de penduricalhos acrescidos ao salário. Tudo, claro, tornado dentro da lei. Mas tudo profundamente imoral se feito por qualquer cidadão dito “comum”.
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Sempre a certeza dos “Ouvidos Moucos”, dos olhos vendados e do temor reverencial.

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