Denise Campos de Toledo/Ainda faltam mudanças estruturais

Por 20 de novembro de 2017Jornal da Gazeta

O IBC Br, uma prévia do que está acontecendo com a economia, nem sempre bate com o PIB, que é o indicador oficial. Mas é uma referência importante para ajudar na política de juros do Banco Central, para decisões de investimentos do mercado e mesmo de empresas, que dependem muito do que se espera da atividade. E não só o IBC Br, mas outros indicadores têm apontado um desempenho melhor da economia. O IBGE já divulgou dados positivos da indústria e do comércio em setembro, após um tropeço em agosto. Só serviços continuaram com uma média negativa. Mas serviços para as famílias vieram com uma boa recuperação, o que mostra os efeitos dos fatores que mais estão ajudando na retomada da economia. Teve uma mãozinha do governo com a liberação das contas inativas do Fundo de Garantia e agora o PIS PASEP dos idosos. Agora, o que tem feito mesmo diferença é a inflação mais baixa e a queda dos juros, além de uma oferta maior de emprego, que vem no embalo desse ciclo mais positivo de atividade. O CAGED mostrou, como vimos, a geração de quase 302 mil e 200 vagas. Tudo ainda moderado. O mercado, segundo o relatório Focus de hoje, também do Banco Central, continua prevendo um avanço do PIB de apenas 0,73% este ano. Porém, já espera mais de 2,5% no ano que vem. O que vai fazer mais diferença para consumidores e empresas. O que fica faltando são as mudanças estruturais que podem alavancar um crescimento mais sustentável, como os investimentos em infraestrutura, os empresariais, e o ajuste das contas públicas. Por enquanto, há uma retomada muito impulsionada pelo consumo, que é importante, mas não se sustenta a longo prazo. Sem aumento da oferta, com maior produtividade, e finanças do governo melhor encaminhadas, fatores importantes para este cenário mais benigno voltam a ficar comprometidos, como o controle da inflação. Eu volto na quinta. Até lá.

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