A inflação em queda é um dos melhores dados que o governo dispõe. Na média, a previsão é de IPCA em 3,48% este ano. Mas as instituições TOP Five, que acertam mais, projetam apenas 2,94%. Agora, uma coisa é a realidade outra é a percepção. E a percepção continua ruim, tanto que a aprovação do governo é cada vez pior, não só pela crise política. A inflação mais baixa é um dado bem positivo. Deve ajudar a recuperar o poder de compra dos consumidores, na medida em que os reajustes salariais venham em percentuais maiores. Só que o desemprego acaba atenuando esse impacto. E a população, sem sentir uma melhoria maior nesse sentido, fica desconfiada até de dados melhores, como a queda da inflação, que deve fazer o Banco Central reduzir mais os juros. Outra sinalização positiva. A questão é que não dá pra desvincular esses dados da fraqueza da atividade, Fraqueza perceptível no movimento de boa parte dos setores, no baixo nível de investimentos, no desemprego. E a crise política jogou mais incertezas sobre uma reação mais firme da economia que era dada como certa. Hoje há dúvidas quanto ao avanço dos investimentos via concessões de infraestrutura, porque dependem da confiança de potenciais investidores. Confiança muito relacionada à política. As reformas, que o governo diz que estão apenas atrasadas, vão ter um encaminhamento mais difícil. Até porque a articulação do governo deve ficar muito focada na própria defesa. Tem essas medidas populares, como o preço diferenciado nas compras a vista. Há, de fato, uma agenda voltada à modernização da economia. Só que não é o que vai acelerar o crescimento. A economia deve crescer este ano. Inflação e juros em queda devem colaborar para uma expansão em torno de 0,5%. Mas com as dificuldades que estamos vendo, e sem força, ainda, pra assegurar maior confiança da população. O que joga contra o governo. Eu volto na quinta. Até lá.