Projeções melhores de crescimento, com inflação baixa, não significam que a economia esteja retornando, totalmente, aos eixos. Ainda há grandes desafios, principalmente, no que se refere às contas públicas. O governo tem se esforçado pra cumprir as metas, que são de um rombo de 159 bilhões de reais neste e no próximo ano. Mas isso não basta pra trazer tranquilidade na área fiscal. Se não houver uma perspectiva melhor de evolução das contas, o Brasil corre risco, até, de novos rebaixamentos na avaliação de risco, pelas agências internacionais. O alerta já foi feito. A Fitch anunciou hoje que os grandes bancos passaram no teste de stress, em simulações de como reagiriam a uma situação mais prolongada de desafios pelo ambiente econômico. Mas, uma semana atrás, outra agência, a Moody’s, mudou a perspectiva do sistema bancário de estável pra negativa pela possibilidade de as incertezas políticas piorarem indicadores do setor, como a rentabilidade. Incertezas que também podem interferir no encaminhamento da agenda que deve viabilizar a reestruturação das contas públicas, indo além do simples cumprimento das metas. Um dos principais pontos da agenda é a aprovação da reforma da Previdência ou, pelo menos, de regras que garantam uma redução no ritmo de déficits do sistema previdenciário. A maior parte da população discorda da reforma, até por todo desvio de recursos públicos que houve nos últimos anos. Mas, o fato é que, sem mudanças, a Previdência vai abocanhar uma fatia cada vez maior do orçamento, podendo até comprometer a PEC dos Gastos, que limita o aumento das despesas à inflação do ano anterior. Os gastos com benefícios crescem em ritmo bem mais acelerado. Por mais que a economia esteja reagindo, para as contas públicas a luz continua amarela. Se mudar para o vermelho até o processo de retomada fica comprometido. A economia deve crescer mais daqui pra 2018. Está num ciclo mais positivo. Só que a sustentação da retomada, em prazo mais longo, depende do ajuste fiscal. Ajuste que, além da reforma da Previdência, passa, é claro, pelo aumento da receita com as concessões, privatizações, a maior geração de impostos, que vem do próprio crescimento, a diminuição de despesas com a máquina pública, o combate aos desvios de recursos. Sendo que tudo isso depende muito do ambiente político, que continua bem nebuloso. Eu volto na quinta. Até lá.